ATA DA QUADRAGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 12-6-2003.

 


Aos doze dias do mês de junho de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Darci Campani, Elias Vidal, Ervino Besson, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Margarete Moraes, Maria Celeste, Raul Carrion e Zé Valdir. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Almerindo Filho, Beto Moesch, Carlos Pestana, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sebastião Melo, Valdir Caetano e Wilton Araújo. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Pedro Américo Leal, o Projeto de Lei do Legislativo nº 143/03 (Processo nº 2890/03); pelo Vereador Sebastião Melo, o Projeto de Lei do Legislativo nº 146/03 (Processo nº 2922/03). Ainda, foi apregoado o Ofício nº 337/03, de autoria do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº 023/03 (Processo nº 3012/03). Na ocasião, foi apregoado o Ofício nº 021/03, do Vereador João Antonio Dib, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, informando que o Vereador Beto Moesch se encontra representando externamente este Legislativo no Seminário da Qualidade de Água na Lavoura de Arroz Irrigada, o qual está sendo promovido pela Prefeitura Municipal de Gravataí - RS. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Adimiro Sari, Diretor Médico do Serviço de Assistência, Educação e Readaptação ao Menor Limitada - SAERME, que discorreu sobre o atendimento prestado por essa instituição a pacientes portadores de transtornos invasivos do desenvolvimento, especialmente oriundos das classes menos favorecidas da sociedade e solicitou a intervenção deste Legislativo, junto aos órgãos públicos responsáveis, no sentido de regularizar o repasse de verbas públicas do Sistema Único de Saúde à SAERME, as quais estão em atraso, por problemas de ordem burocrática, desde março do corrente. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Carlos Alberto Garcia, Dr. Goulart, Cláudio Sebenelo, Haroldo de Souza, Elói Guimarães e Renato Guimarães manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. A seguir, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a assinalar o transcurso do vigésimo quinto aniversário da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, nos termos do Requerimento nº 104/03 (Processo nº 2606/03), de autoria do Vereador Darci Campani. Compuseram a Mesa: o Vereador João Antonio Dib, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; a Senhora Tânia Farias, representante da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz; a Vereadora Maria Celeste, 1ª Secretária deste Legislativo. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Darci Campani teceu considerações a respeito dos vinte e cinco anos de existência da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. Nesse sentido, parabenizou os componentes dessa companhia de arte pelo relevante trabalho realizado durante esse período e o engajamento demonstrado nas suas atuações, onde se destaca a preocupação com o meio ambiente, o pacifismo e a igualdade social. A Vereadora Margarete Moraes cumprimentou o Vereador Darci Campani pela iniciativa de propor a presente homenagem, afirmando que a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz é uma das precursoras do teatro de rua no Brasil e motivo de grande orgulho para Porto Alegre. Ainda, exaltou a originalidade, inovação e preocupação com as denúncias de cunho social dessa equipe de atores, que os tornaram reconhecidos além das fronteiras do País. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Senhorita Tânia Farias, que agradeceu a homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre aos vinte e cinco anos da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. Na ocasião, o Vereador Darci Campani manifestou-se acerca da intenção de Sua Excelência em encaminhar proposição, concedendo o Prêmio de Teatro Qorpo Santo à Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Elias Vidal discursou sobre o problema social causado pela disseminação do tráfico e consumo de drogas na sociedade contemporânea, lembrando seu empenho pessoal na divulgação dos malefícios causados pela drogadição. Também, propugnou por maior alocação de recursos públicos para que o Município disponha de mais locais apropriados ao tratamento dos dependentes químicos. Na oportunidade, o Vereador Renato Guimarães entregou ao Vereador Beto Moesch documentação fornecida pela Secretaria Municipal de Saúde e pelo Hospital Presidente Vargas, solicitada no dia de ontem pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente, tendo o Vereador Beto Moesch manifestado-se sobre o assunto. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Elói Guimarães leu nota divulgada pela União Gaúcha em Defesa da Previdência Social Pública, constituída por entidades representativas do serviço público federal, estadual e municipal, na qual são apresentadas denúncias acerca dos supostos prejuízos causados pela aprovação do Projeto de Reforma Previdenciária a ser votado no Congresso Nacional e é solicitada a mobilização do funcionalismo em prol da manutenção de seus direitos. Após, foi apregoada a Emenda nº 09, de autoria do Vereador Almerindo Filho, Líder da Bancada do PSL, ao Projeto de Lei do Executivo nº 079/02 (Processo nº 3685/02). Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Carlos Nedel comentou criticamente a situação do Bairro Jardim do Salso, relativamente ao acúmulo de lixo que, segundo Sua Excelência, tem ocorrido ali. Em relação ao assunto, relatou visita feita por Sua Excelência ao Bairro, declarando ter encontrado uma situação de abandono por parte das autoridades municipais quanto à limpeza, conservação e conclusão de obras necessárias àquela localidade. O Vereador Haroldo de Souza instou por medidas urgentes quanto à situação de precariedade do prédio da Escola Estadual de Ensino Fundamental Pedro Américo, localizada na Estrada Chapéu do Sol. Ainda, citando a criação de novos ministérios pelo Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, sugeriu seja estudada a viabilidade de criação de ministério que trate do gerenciamento e administração dos lucros oriundos das loterias vigentes no País. O Vereador Isaac Ainhorn, apresentando elucubração quanto ao momento político nacional, afirmou que a população brasileira, no entender de Sua Excelência, está mobilizada em torno dos grandes debates políticos e sociais. Nesse sentido, citou a realização, no dia de ontem, do Ato Contra a Reforma Previdenciária e abordou dados que registram a majoração do nível de desemprego, do grau de inadimplência dos consumidores e da violência urbana no País. O Vereador Nereu D’Avila, examinando o desempenho do Senhor Luiz Inácio Lula da Silva no exercício do cargo de Presidente da República, traçou paralelo entre esse exercício e a atividade que Sua Excelência desempenhava, há dez anos, como líder sindical. Nesse contexto, afirmou que as reformas previdenciária e tributária, objetos de debate no Congresso Nacional, preocupam e desestabilizam a sociedade e população brasileira de forma geral. O Vereador Ervino Besson saudou a presença nesta Casa do Senhor Vilmar Romera. Ainda, enfatizando a dedicação da população gaúcha na organização das festas juninas, citou situação vivida pela Direção da Creche Mundo Mágico, localizada na Rua Cirino Pruner, a qual anualmente organiza tal festejo com a participação da comunidade local e que, para maior segurança, solicita à Empresa Pública de Transporte e Circulação o fechamento dessa via pública para o trânsito. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, 3ª Sessão, esteve o Projeto de Lei do Executivo n° 020/03, discutido pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, Maristela Maffei, Margarete Moraes, Maria Celeste, Zé Valdir e Sebastião Melo. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou o envio, pelos Freis Irineu Costella e Carlos Rockenbach, de pães de Santo Antônio, convidando os Senhores Vereadores a participarem das celebrações do Dia de Santo Antônio, a serem realizadas amanhã. Também, o Vereador Sebastião Melo procedeu à entrega, ao Senhor Presidente, de Requerimento, solicitando manifestação da Procuradoria da Casa quanto ao Projeto de Lei do Executivo nº 078/02 (Processo nº 3653/02), que trata de permuta de terrenos de propriedades de entidades que receberam a titulação de utilidade pública. Às dezesseis horas e quarenta e um minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e quarenta e dois minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn referiu-se aos debates realizados por ocasião da Discussão Preliminar de Pauta Especial, acerca do Projeto de Lei do Executivo nº 020/03, que estabelece as Diretrizes Orçamentárias do Município de Porto Alegre para o ano vindouro. Também, teceu críticas à atuação do Partido dos Trabalhadores à frente do Governo Federal, especialmente no que tange às políticas econômicas atualmente implementadas, referentes ao controle das taxas de juros praticadas pelo mercado. Na ocasião, foram apregoadas as Emendas nºs 10 e 11, de autoria dos Vereadores Pedro Américo Leal, Líder da Bancada do PP, Beto Moesch, João Antonio Dib e João Carlos Nedel, ao Projeto de Lei do Executivo nº 079/02 (Processo nº 3685/02). Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 092/03, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Resolução nº 045/03; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 092, 111 e 119/03, este discutido pelo Vereador Renato Guimarães, 130 e 114/03, este discutido pelo Vereador Cláudio Sebenelo, o Projeto de Resolução nº 051/03, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 010/03, discutido pela Vereadora Margarete Moraes; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 123 e 122/03, este discutido pelo Vereador Elias Vidal, e 120/03, discutido pelos Vereadores Zé Valdir, Elias Vidal, Renato Guimarães e Margarete Moraes, o Projeto de Resolução nº 052/03; em 5ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 055/03. Na ocasião, o Senhor Presidente procedeu à leitura de Parecer exarado pela Procuradoria da Casa, acerca do Projeto de Lei do Executivo nº 078/02 (Processo nº 3653/02). A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Às dezessete horas e trinta e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezessete horas e trinta e sete minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal de autoria da Vereadora Maria Celeste, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia, após ser encaminhado à votação pelo Vereador Sebastião Melo, tendo o Senhor Presidente, face manifestações dos Vereadores Sebastião Melo e Reginaldo Pujol, prestado informações sobre essa votação. Na ocasião, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre a tramitação do Projeto de Lei do Executivo nº 078/02 (Processo nº 3653/02). Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 078/02, por vinte e seis votos SIM e três ABSTENÇÕES, após ser discutido pelo Vereador Sebastião Melo e encaminhado à votação pelo Vereador Luiz Braz, em votação nominal solicitada pelo Vereador Sebastião Melo, tendo votado Sim os Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Darci Campani, Dr. Goulart, Elias Vidal, Elói Guimarães, Ervino Besson, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Margarete Moraes, Maria Celeste, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Wilton Araújo e Zé Valdir e tendo optado pela Abstenção os Vereadores Haroldo de Souza, Nereu D'Avila e Sebastião Melo. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 004/03. Em Discussão Geral e Votação, foram aprovados o Projeto de Lei do Legislativo nº 133/01 e a Emenda nº 01 a ele aposta. Em Discussão Geral e Votação, foram aprovados o Projeto de Lei do Legislativo nº 072/02 e a Emenda nº 01 a ele aposta. Em Discussão Geral e Votação, foram aprovados os Projetos de Lei do Legislativo nºs 138 e 199/02. Durante a apreciação do Projeto de Lei do Legislativo nº 199/02, o Vereador João Antonio Dib afastou-se da presidência dos trabalhos, nos termos do artigo 22 do Regimento. Em Discussão Geral e Votação, foram aprovados os Projetos de Resolução nºs 032, 033 e 035/03. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 220/02, com ressalva da Emenda a ele aposta, por vinte e quatro votos SIM e uma ABSTENÇÃO, tendo votado Sim os Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Darci Campani, Dr. Goulart, Elias Vidal, Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Marcelo Danéris, Margarete Moraes, Maria Celeste, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sebastião Melo e Wilton Araújo e tendo optado pela Abstenção o Vereador Juarez Pinheiro. Foi aprovada a Emenda nº 01, aposta ao Projeto de Lei do Legislativo nº 220/02, por vinte e quatro votos SIM, tendo votado os Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Darci Campani, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Marcelo Danéris, Margarete Moraes, Maria Celeste, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sebastião Melo, Valdir Caetano, Wilton Araújo e Zé Valdir. Às dezoito horas e sete minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Antonio Dib e Maria Celeste e secretariados pelos Vereadores Maria Celeste e Ervino Besson. Do que eu, Maria Celeste, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Adimiro Sari, Diretor-Médico, representando Serviço de Assistência, Educação e Readaptação ao Menor Ltda., está com a palavra, para tratar de assunto relativo ao não-repasse de verbas oriundas do SUS, pelo tempo regimental de dez minutos.

 

O SR. ADIMIRO SARI: Sr.ª Presidenta e Srs. Vereadores, a nossa presença, hoje, aqui, nesta Casa, é para trazer a situação aflitiva em que se encontra o SAERME - Serviço de Assistência, Educação e Readaptação ao Menor Ltda. -, uma Clínica constituída por um grupo multiprofissional dedicado à saúde mental da criança e que presta seus serviços na Rua Marcílio Dias, n.º 825, em Porto Alegre. Essa entidade foi fundada em 1969, portanto, há mais de trinta anos. Dois anos depois, teve a sua primeira credencial no antigo Instituto Nacional de Previdência Social - INPS - e, desde então, exerce um importante trabalho com as classes menos favorecidas, que consiste na avaliação, no atendimento a crianças com problemas mentais, especialmente as diagnosticadas como portadoras de Transtornos Invasivos do Desenvolvimento. Entre elas, estão incluídas, em sua grande maioria, crianças autistas.

Há trinta e dois anos, portanto, através dessa credencial, atendemos essa população carente em regime de hospital-dia. A partir de 1996, nossa credencial foi transformada em Núcleo de Atendimento Psicossocial - NAPS -, funcionando em dois turnos paciente/dia. O atendimento é efetuado a crianças de três a doze anos e que apresentam as seguintes patologias: Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, como eu disse, em sua grande maioria, autistas; psicoses e neuroses graves. Freqüentemente essas doenças são acompanhadas de comorbidades adquiridas ou produzidas por seqüelas ou lesões neurológicas pré, peri e pós-natais.

Nossa clínica funciona num sistema integrado de atendimento, ou seja, atendemos a criança e buscamos, também, o envolvimento da família no tratamento. Diariamente, de segunda a sexta-feira , essas crianças vão à clínica e retornam no final do dia para suas casas. Com isso, buscamos não segregar a criança do seu meio, de seu ambiente familiar. Essa troca diária de experiências e vivências, sem afastá-la do seu núcleo familiar básico, facilita a integração tratamento/família.

O Serviço conta com uma equipe multidisciplinar constituída por seis técnicos de nível superior (enfermeiro, nutricionista, psiquiatra, psicólogo, professor de educação física e terapeuta ocupacional), três profissionais de nível médio (técnicos de enfermagem), uma gerente administrativa, uma cozinheira e uma auxiliar de serviços gerais. E toda essa equipe técnica, além de atender individualmente as crianças, orienta, supervisiona e atua junto aos técnicos em enfermagem, bem como troca informações, discute pontos de vista importantes no atendimento interdisciplinar.

Em algumas situações, utilizamos psicofármacos para aliviar as ansiedades psicóticas ou conter eventuais fases agudas da doença. Além do procedimento específico à criança, envolvemos também a família no tratamento, com a utilização de grupos de pais, grupos operativos que se reúnem semanalmente, e neles discutimos tudo, mas especialmente as relações pais/filhos, manejos, dificuldades de manejo e como lidar com as diferenças, especialmente no nosso caso, que lidamos com “crianças especiais”.

O foco de atendimento à criança é abrangente, e estamos sempre atentos a todos os aspectos biopsicossociais. Além disso, nos preocupamos também com a integração criança e escola. Tão logo melhore seu quadro geral, pelo qual nos foi encaminhada, começamos a trabalhar uma possível entrada para a escola e/ou retorno à escola de origem. A transição clínica/escola, uma passagem nem sempre tão tranqüila, é acompanhada e supervisionada por nós. Inúmeras crianças foram e/ou estão sendo reintegradas no processo de escolarização.

Depois de dar uma rápida idéia do funcionamento da clínica, da população que atendemos e como atendemos, queremos passar ao problema que nos traz aqui hoje a esta Casa, uma Casa onde ecoam e devem ecoar todos os fatos e acontecimentos que ocorrem na comunidade, no Município.

Fomos surpreendidos, em 21 de novembro de 2002, com a informação fornecida pelos técnicos da Secretaria da Saúde do Município de Porto Alegre, da suspensão do pagamento da fatura de outubro de 2002, em função da Portaria Ministerial datada de março de 2002, e que excluía o Código n.º 19.151.01.2, Núcleo de Atendimento Psicossocial (NAPS), até agora sem um novo código que o substitua.

Os técnicos da Secretaria Municipal da Saúde sugeriram-nos que aguardássemos a vinda de um CAPS - Centro de Atendimento Psicossocial Infantil - para Porto Alegre, com o qual seríamos contemplados. No entanto, em fevereiro de 2003, fomos informados de que não viriam outros CAPS para Porto Alegre. Pensaram na utilização de Portaria Ministerial que incluísse atendimentos em Oficinas Terapêuticas II, para pessoas portadoras de transtornos mentais, bastando, para tanto, incluir nesse código o tipo de prestador n.º 12, que corresponderia ao nosso tipo de atendimento. Não houve essa Portaria, ao menos até agora!

Com a exclusão do código de procedimento, o canal competente para o repasse da verba já consignada e destinada ao SAERME deixou de existir. Passamos então a receber, por via administrativa, as faturas de outubro e novembro de 2002 somente em janeiro de 2003. Atrasos também ocorreram com o recebimento das faturas dos meses seguintes: dezembro, janeiro e fevereiro deste ano. Muito pior ainda é a suspensão do pagamento das faturas de março, abril e maio último, sob a alegação de não saberem em qual procedimento apropriar tais pagamentos.

O que é mais intrigante e mais surpreendente é que os recursos, os valores correspondentes aos atendimentos que fizemos estão previstos no Orçamento da Saúde. Faltaria apenas um dispositivo, um procedimento administrativo para que os recursos já consignados pudessem ser repassados.

Como esta Casa pode ver, a nossa situação financeira é grave. Sem receber os meses de março, abril e maio deste ano, e sem uma perspectiva imediata para que isso ocorra, vemo-nos na iminência de cerrar as portas e deixar de atender a uma população tão carente e tão necessitada.

A propósito, eu queria lembrar do Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu art. 4.º, que diz o seguinte: “É dever da família, da comunidade, da sociedade, em geral, e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte e ao laser, à profissionalização, à cultura, à dignidade e ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária. Parágrafo único: A garantia de prioridade compreende: 1.º - primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; 2.º - precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; 3.º - preferência na formulação e nas execuções políticas, sociais e públicas; 4.º - destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

Eu queria concluir, diante dos fatos que foram arrolados, dizendo que solicitamos a interferência desta Casa junto aos gestores dos SUS, representados pela Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre, para que regularizem os débitos em atraso desses três meses e encontrem uma saída, um procedimento que justifique a continuidade desse nosso trabalho que há três décadas realizamos. E há uma população tão carente, tão necessitada, que nos preocupa para onde iriam se fechássemos essa casa. Quando nos preocupamos com a inclusão social, nos vemos diante de um momento de exclusão social e esperamos que isso realmente não aconteça. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Convido o Dr. Adimiro a passar à Mesa para ouvir as manifestações das Bancadas.

O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Prezado Dr. Adimiro Sari, Diretor da SAERME, prezados profissionais da equipe multidisciplinar SAERME, pais e alunos, o senhor nos colocou, com propriedade, a situação. Tivemos a oportunidade de, há alguns dias, manter uma reunião, quando o senhor trouxe-nos essa problemática. É uma instituição que não é nova, já atua há trinta e três anos, tem uma credibilidade, um trabalho sério junto à população, e, de uma hora para outra, por uma questão administrativa, o senhor e a equipe ficaram prejudicados sem os pagamentos. Sabemos que não é culpa do Município, mas, ao mesmo tempo, nós queremos que os procedimentos administrativos que o Município pagou por alguns meses, ele possa repor; ou seja, a partir de março, ver esse procedimento administrativo, em nível de Governo Federal, que começou no ano passado, em outubro, que possa sair novo código. Entendemos que o importante, neste momento, é que saiamos daqui com uma solução para que essa questão do procedimento administrativo seja paga imediatamente, porque sabemos que o não-pagamento, o comprometimento desses meses pode, inclusive, levar ao fechamento da casa, deixando essas mais de trinta crianças sem o atendimento. Não é isso que queremos. Então, encaminhamos, mais uma vez, para que o Secretário possa intermediar e propor, o quanto antes, o pagamento desse procedimento administrativo, até que saia um código definitivo para essa situação.

Pode contar com o nosso apoio e, tenha a certeza, pelas diversas manifestações que vão seguir, também o apoio de toda a Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. DR. GOULART: Sr.ª Presidenta, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, nosso colega, eu falo em nome da Bancada do PDT, mas especialmente em nome do Ver. Mário Fraga, que não está entre nós, e que pediu esta atenção. Ver. Carlos Alberto Garcia, com todo o respeito que tenho por V. Ex.ª, o problema de Saúde desta Cidade é problema da Prefeitura desta Cidade, é problema da Secretaria Municipal de Saúde desta Cidade. Se, por acaso, num serviço de tamanha importância, que V. Ex.ª conhece, que não tem quem faça, e se tem alguém que faça, não o fará como é feito, pela experiência que tem, pela dedicação que tem e pelo conhecimento que tem. A Secretaria Municipal de Saúde tem que resolver esse problema. E aí eu não vou brigar, eu só vou falar com veemência agora para ser ouvido, eu vou me aproximar do Ver. Renato Guimarães na Comissão de Saúde, do Ver. Aldacir Oliboni, que é da Saúde e de Marcelo Danéris; e pedir para esse moço que está na Secretaria Municipal de Saúde para não arranjar mais esse problema para nós. Tem que descobrir uma saída! Não interessa o que o Governo faz lá em cima, porque a Saúde está descentralizada. Tem que haver uma rubrica, tem de haver cuidado com essas pessoas que dificilmente se curarão, que precisarão do apoio quase a vida toda e que terão seqüelas que poderão ser esmaecidas com o belo cuidado que o SAERME tem.

Eu estava lendo hoje, pela manhã, as disposições dos profissionais em cada lugar, e ali apareceu o SAERME, e eu disse: “Deve estar trabalhando bem!”, e, à tarde, o senhor vem e me diz isso? Impossível, Ver. Renato Guimarães! Socorro! Socorro para a Saúde! Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, é evidente que o Dr. Adimiro Sari, no meio médico de Porto Alegre, não precisa de apresentação; ele desenvolve um trabalho magnífico em volta de pacientes. E, às vezes, nós nos envergonhamos de pertencer à raça humana. Isso não pode acontecer. Isso é uma agressão à sociedade. Se isso é do Governo Estadual, Federal ou Municipal, não me interessa. O gestor, cuja importância dos três meses somados é uma gota d’água para a gestão, tem de, imediatamente, providenciar esse pagamento, porque, do outro lado - chamamos de pacientes especiais - estão pessoas indefesas. E se a sociedade, se as instituições, se as corporações não se mobilizam, não são os pacientes especiais que morrem, morre também uma sociedade inteira pelo desapreço, pelo absurdo que nos é contado aqui, nesta tarde. Eu lhe confesso, meu querido irmão e amigo de muitos anos, Dr. Adimiro Sari, que se isso se perpetrar, o fechamento do SAERME - que não vai ocorrer -, se apossaria de mim uma profunda vergonha de pertencer à espécie humana, capaz de cometer essa estupidez administrativa de deixar sem pagamento uma instituição de tanto mérito e que tanto a sociedade respeita. Alguém tem que pagar por esse desrespeito. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Dr. Adimiro Sari, Diretor-Médico da SAERME, falo em nome do Ver. Sebastião Melo e da Bancada do PMDB, deixando algumas perguntas: o que está certo? O que está funcionando em Porto Alegre? O que está funcionando neste País? Porque o que não está funcionando é tudo o que não funciona.

Então, quando achamos que está tudo bem com a SAERME, vem o senhor, nesta tarde, e nos traz esse tremendo problema para ser resolvido. Eu acho que deve ser resolvido o mais rápido possível pela Secretaria da Saúde, com a responsabilidade dos Vereadores da Casa que pertencem à área da saúde. Eles é que devem tomar a atitude imediata, porque não se pode ter a perspectiva, sequer, do Serviço de Assistência, Educação e Readaptação do Menor, a SAERME, correr o risco de fechar. Isso não existe.

Então, eu pergunto: o que está funcionando? Nada! Mas também a SAERME, agora, não vai ser atendida por falta de repasse de verbas oriundas do SUS? Eu não quero saber onde está o problema, eu quero saber, e, em nome do PMDB, nos colocamos à disposição, eu e o Ver. Sebastião Melo, onde está a solução.

O que estiver ao nosso alcance, com certeza, estamos prontos para fazê-lo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Ver.ª Maria Celeste, Presidente dos trabalhos; Dr. Adimiro Sari, Diretor-Médico do SAERME, gostaria de cumprimentar V. S.ª e dizer que, aos poucos, vem-se observando um verdadeiro descaso com respeito ao cumprimento pactual que tem o SUS com diferentes instituições de saúde.

Não sei se, num determinado momento, esse conjunto de instituições que tratam da saúde não vai ter que ir levar esses movimentos para as ruas porque, quando se trata de menor, quando se trata de saúde e, mormente, de educação, readaptação, a coisa é séria, não podemos esperar, não podemos deixar para amanhã o tratamento dessa ou daquela forma que as instituições, como a que V. S.ª dirige, necessitam. Então, receba a nossa saudação, os nossos cumprimentos e a nossa solidariedade ao movimento que V. S.ª está fazendo. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Renato Guimarães está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente; Sr. Adimiro Sari, Dirigente do SAERME; senhoras e senhores; pais e crianças que acompanham esta Tribuna Popular, em primeiro lugar, nós temos que fazer o registro da importância da manifestação do Dirigente do SAERME, no sentido de comprovar, cada vez mais, a necessidade de estarmos criando e financiando uma rede voltada para a área de atendimento às crianças portadoras de necessidades especiais. A fala que V. S.ª traz a esta Casa é importante por causa disso. Nós requeremos, já, de antemão, que as cópias taquigráficas do seu pronunciamento sejam encaminhadas ao Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, ao Conselho da Saúde e à Secretaria Municipal da Saúde. Nós não podemos deixar, aqui, de fazer o registro de que a ação governamental que trouxe prejuízo a sua entidade e a dezenas de entidades na Cidade e no País é uma ação governamental de março de 2002, encaminhada pelo Ministério da Saúde. Foi a ação lá da mudança da Portaria, lá em março de 2002, que trouxe essa conseqüência para muitas entidades. Então, essa é a responsabilidade que deve ser cobrada.

O Município de Porto Alegre, por intermédio da Secretaria, vem fazendo movimentos no sentido de regularizar a situação. Nós encaminharemos, enquanto Bancada, um momento exclusivo de atendimento à entidade por parte da Secretaria, para tratar da questão, mas temos que fazer movimentos junto ao Ministério Público, sabemos que a entidade vem buscando os seus direitos junto ao Ministério Público, e junto ao Ministério da Saúde, para que a Lei que inibe legalmente o pagamento possa ser revertida, porque, do contrário, Sr. Dirigente da entidade, faríamos demagogia aqui. Discursos fáceis, demagógicos, não nos ajudam. O que ajuda é uma atitude séria de fazer uma reversão na Lei, fazer uma adequação da Portaria para que essa área possa ser devida e respeitosamente atendida e financiada.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não há mais oradores inscritos. Nós agradecemos ao Sr. Adimiro Sari, Diretor-Médico do Serviço de Assistência, Educação e Readaptação do Menor Ltda, pela presença. Saúde e paz!

Comunico ao Plenário que o Ver. Beto Moesch está representando a Casa, às 14h, no Seminário de Qualidade de Água na Lavoura de Arroz Irrigada, que está sendo promovido pela Prefeitura do Município de Gravataí.

Neste momento, damos início ao Período de Comunicações em homenagem aos 25 anos da Tribo de Atuadores “Ói Nóis Aqui Traveiz”. Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Darci Campani está com a palavra, em Comunicações, como proponente de homenagem.

 

O SR. DARCI CAMPANI: Sr. Presidente, demais Vereadores presentes nesta Sessão, estamos aqui fazendo esta homenagem ao grupo de atuadores “Ói Nóis Aqui Traveiz”, porque reconhecemos neste grupo um capital cultural acumulado na cidade de Porto Alegre. Não poderíamos deixar passar os vinte e cinco anos de atuação deste grupo sem que esta Casa se pronunciasse e viesse prestar a devida homenagem a este grupo que hoje já é reconhecido internacionalmente. Às vezes nós, porto-alegrenses, não temos a noção das coisas boas que temos na nossa Cidade. Nós, constantemente açodados pelos problemas da Cidade, esquecemos de olhar para uma série muito grande de coisas que já conseguimos acumular em Porto Alegre e, na área cultural, tranqüilamente, o grupo “Ói Nóis Aqui Traveiz” é o expoente dessa qualidade que nós conseguimos produzir, conseguimos acumular. São vinte e cinco anos de trabalho bastante profundo na discussão das artes, no engajamento da arte junto à atividade de trabalho com a comunidade, de trabalho engajado nas questões ambientais e naquelas discussões da nossa população.

O grupo “Ói Nóis Aqui Traveiz” é um orgulho para a cidade de Porto Alegre, e esse teatro representa um projeto já lançado para todo o Brasil. Ontem, estávamos lá na sede conversando com a companheira Tânia, a qual saúdo, pois está representando o Grupo “Ói Nóis Aqui Traveiz”, que foi convidado e está indo para todo o Brasil para apresentar o seu trabalho, pois tem projeção em nível nacional.

Nós, às vezes, não nos damos conta dos grupos locais que temos das mais variadas artes, do conhecimento, da cultura; não conhecemos exatamente o que se passa em Porto Alegre e a qualidade dos produtos das relações que a gente consegue produzir na Cidade.

O meu contato com o grupo “Ói Nóis Aqui Traveiz” começou em 1990, quando resolvemos implantar a coleta seletiva de lixo em Porto Alegre. O Grupo, já com alguns anos de vida, se dispôs e fez uma atuação de rua, enfocando a questão da coleta seletiva e foi o primeiro ponto de entrega voluntária na cidade de Porto Alegre para os resíduos seletivos. Então, é pioneiro, não só no engajamento, não só na proposta de levar a encenação para toda a cidade de Porto Alegre; não existe um canto da Cidade em que não tenha estado o grupo de atuadores “Ói Nóis Aqui Traveiz” nesses vinte e cinco anos. São trinta peças, todas engajadas na realidade, engajadas no cenário internacional, trazendo para Porto Alegre a discussão. A sensação que eu tenho é de que se trata de uma voz constante batendo nas feridas da nossa sociedade, chamando a nossa atenção, enquanto seres humanos, para o quanto temos de estar engajados numa luta internacional, numa mudança que a gente tem de ter com a base no ser humano. Uma base que tem de ser pacifista, onde temos de lutar contra as guerras promovidas com total insanidade e onde temos de lutar por uma sociedade de mais qualidade. Ali se engaja, também, a luta por uma agricultura e por uma saúde melhor para toda a população.

Para nós marcou bastante, nessa montagem aqui da homenagem, a conversa que a gente teve por telefone, mesmo, com o Paulo Flores, em que ele coloca uma frase bastante interessante: “Queremos deixar um teatro que deixe rastros, exemplos de liberdade.” Com essa frase ele resumiu exatamente o que representa a proposta do “Ói Nóis Aqui Traveiz”: um teatro engajado e que deixa, por onde passa, a sua mensagem, uma mensagem de liberdade. Gostaria de parabenizar todo o grupo e todos os seus componentes, pois, durante esses vinte e cinco anos muita gente entrou e muita gente saiu, numa constante renovação. Quero deixar um grande abraço e o desejo de que daqui a vinte e cinco anos a gente possa vir aqui comemorar com vocês, e que a cidade de Porto Alegre tenha, cada vez mais cultura, cada vez mais a expressão da combatividade, e que a gente possa ter junto a nossa classe teatral. Muito obrigado. Parabéns pelos vinte e cinco anos!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Margarete Moraes está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Juarez Pinheiro, em Comunicações.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, João Antonio Dib; Sr.ª Secretária, companheira Maria Celeste; querida Tânia, representando a Tribo de Atuadores “Ói Nóis Aqui Traveiz”, a antiga Terreira da Tribo; companheiro Darci Campani, proponente da homenagem, eu gostaria, neste momento, de prestar um reconhecimento ao Ver. Darci Campani pela bela idéia de prestar esta merecida homenagem aos vinte e cinco anos deste grupo de teatro de rua tão significativo e tão importante, porque se confunde com a história do teatro de rua, não apenas de Porto Alegre, mas do Brasil. Ele contém um diferencial, uma singularidade: vocês abordam a arte e a cultura a partir de outro ângulo, a partir de outro conceito, daqueles que jamais temem um risco, daqueles que jamais temem a inovação e que andam sempre no fio da navalha, com muita sinceridade, com muita autenticidade. A atuação do trabalho de vocês também é diferenciada, porque tem um trabalho elaborado e sofisticado de laboratório, com outra técnica, com outra forma, daqueles que não se submetem à estética tradicional e defendem uma estética inovadora. Também poderíamos trabalhar a questão do conteúdo e de uma postura revolucionária que se colocou contra a ditadura, nos piores momentos, e é um grupo que está sempre denunciando essa opressão, esses quinhentos anos de história de opressão no Brasil, colocando-se a favor dos movimentos sociais, sendo sempre fiel aos seus princípios e as suas idéias com muita independência. Nesses vinte e cinco anos, vocês se renovam, se mantêm, se superam e a prova disso está no reconhecimento além das fronteiras brasileiras, e posso dar o testemunho aqui. Quando tínhamos aquele projeto de integração com a Prefeitura de Montevidéu, eles nos fizeram o pedido para que este grupo se apresentasse naquela cidade, e eu tive a oportunidade de acompanhar e de assistir.

Enfim, todo esse acúmulo, toda essa competência, todo esse referencial sempre foram reconhecidos pela Secretaria Municipal da Cultura e vocês sempre contribuíram no trabalho de descentralização da cultura através das oficinas na Zona Norte e na Restinga. Creio que vários grupos de teatro de rua germinaram na Cidade a partir de uma atuação específica de vocês. Tenho muito orgulho, pois na cidade de Porto Alegre não existem as tradicionais Leis de Incentivo à Cultura, mas existe o FUNPROARTE, que reconhece esse tipo de trabalho que não se submete a patrocinadores específicos de empresas, como apenas marketing ou para a venda de qualquer produto. Assim sendo, acredito muito justa a definição do FUNPROARTE, porque cada vez que vocês concorrem, são contemplados por serem merecedores, e por terem uma formulação de teatro, de estética diferenciada e merecem ser reconhecidos por todos.

Portanto, é um grande orgulho para Porto Alegre contar com vocês. Parabéns.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Srt.ª Tânia Farias, atuadora da Tribo “Oi Nóis Aqui Traveiz”, está com a palavra.

 

A SRTA. TÂNIA FARIAS: Boa-tarde a todos. Sinto que não tenho muito a falar depois da colocação do Ver. Darci Campani e da Ver.ª Margarete Moraes. Quero dizer que, como representante do “Oi Nóis Aqui Traveiz”, estou muito feliz por, mais uma vez, receber um reconhecimento desta Casa. Em outros momentos, tivemos a oportunidade de receber desta Casa moções de apoio unânimes em defesa da preservação do nosso espaço, que foi a Terreira da Tribo.

Eu gostaria, de verdade, de agradecer à população de Porto Alegre - não é a primeira vez que eu tenho a oportunidade de me manifestar para fazer este agradecimento e sinto-me muito feliz de fazê-lo -, que é quem conhece o trabalho do grupo e tem reconhecido o seu trabalho ao longo desses vinte e cinco anos. Quando lhe foi dada a oportunidade de mostrar esse reconhecimento, a cidade de Porto Alegre o fez por intermédio da priorização da preservação do espaço da Terreira da Tribo dentro do Orçamento Participativo - Região Centro -, da Comissão de Cultura, pela temática de Cultura do Orçamento, e das quinze mil assinaturas recolhidas junto à população. O espaço não foi preservado, mas certamente esse apoio e esse reconhecimento deram forças para que o “Oi Nóis Aqui Traveiz” tivesse certeza de que estava indo para um caminho que era um caminho sincero, de um trabalho com coerência, que estava sendo apoiado - para ser preservado - pela população da Cidade para quem ele sempre trabalhou.

Certamente, foi graças à população de Porto Alegre que o “Oi Nóis Aqui Traveiz” completou esses vinte e cinco anos. E a gente não poderia deixar, hoje, de agradecer às pessoas que, todas as vezes que vamos para a rua, estão dispostas a receber o que a gente está querendo levar para elas, trocando e discutindo, o que para o “Oi Nós Aqui Traveiz” sempre é caro. Há uma preocupação: sempre se pesquisa profundamente e se fala de questões que estão na ordem do dia; nós queremos estar relacionados com a vida dessas pessoas, que é a nossa vida, de nós, população, cidadãos. É essa a população que, quando pôde manifestar a sua cidadania, manifestou-se a favor da preservação da Terreira da Tribo.

A Terreira da Tribo mudou de endereço e inaugurou, no Bairro Navegantes, na Rua Dr. João Inácio, a sua Escola de Teatro Popular, que é a primeira do Estado. Nós, mais uma vez, nos sentimos muito felizes de estarmos fazendo isso, apesar de ser muito difícil. Todos os dias se “mata aquele leão”, mas todos os dias, no final de cada dia, nós sabemos que estamos fazendo algo que é extremamente importante. A gente já não pode mais fingir que não sabe que o “Oi Nóis Aqui Traveiz” faz parte da história do teatro brasileiro; está lá, é difícil riscar este nome da história. Como disse a Margarete, se confunde com a história e é um dos primeiros grupos a fazer teatro de rua no Brasil, é o primeiro grupo a fazer teatro de rua no Estado e tem uma proposta estética muito particular, que tem se espraiado pelo nosso Brasil e fora dele. Eu agradeço muito a todos. Obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Minha cara Tânia Farias, receba os nossos cumprimentos, os nossos votos de continuado sucesso. E pode ter certeza de que, quando o “Ói Nóis aqui Traveiz” fizer cinqüenta anos, a Câmara Municipal, de novo, vai aplaudir. Enquanto isso, nós temos certeza de que vocês estarão crescendo com o apoio da população porto-alegrense. Saúde e paz!

 

O SR. DARCI CAMPANI: Gostaria de dar um rápido aparte, porque me esqueci, na minha intervenção, de dizer que falava também em nome da Bancada do PC do B, do Ver. Raul Carrion, que solicitou que eu falasse em nome da sua Bancada. E a Câmara poderá, rapidamente, prestar uma outra homenagem ao “Ói Nóis aqui Traveiz”, pois protocolamos, hoje de manhã, a proposta de entrega do Prêmio Qorpo Santo para o grupo. Então, poderá, rapidamente, tramitar esse processo e homenagearmos novamente o grupo.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ver. Darci Campani, V. Ex.ª e a Ver.ª Margarete Moraes falaram pela Casa do Povo de Porto Alegre e falaram muito bem. Saúde e paz para ambos!

Voltamos ao período de Comunicações. O Ver. Elias Vidal está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Ver. João Dib; Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, público que se encontra nesta Casa, como também os telespectadores que se encontram em suas residências nos acompanhando pela TV Câmara, hoje está sendo um dia muito especial, porque o teatro está sendo enaltecido em nossa Cidade, o teatro que faz bem à cultura de todos nós porto-alegrenses, como também do povo gaúcho.

Estou muito feliz, porque a minha irmã Laura se encontra aqui, pela primeira vez, junto com uma amiga, escutando o Ver. Elias Vidal, como irmão, e ela também como cidadã de Porto Alegre.

Eu quero aproveitar este período de Comunicações para dar continuidade ao que venho falando nesses últimos dias, até porque, eu acredito, talvez, no dia de hoje, não vou poder dar seqüência, mas não quero deixar uma lacuna muito grande; por isso, vou retomar a linha de pensamento sobre a qual estamos discorrendo nesses últimos dias. Como é o período de Comunicações, o tema é livre, e eu posso abordar, aqui, assuntos relacionados à LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias. Eu interrompi, em função do tempo, a minha fala, na última vez em que vim a esta tribuna, sobre as minhas preocupações em relação a vários aspectos, como Vereador e como cidadão desta Cidade, e sobre a leitura que faço do contexto do que está sendo feito, do que poderia ser feito e do que não está indo tão bem em nossa Cidade. Este Vereador sempre se preocupa com coisas relacionadas à área social, mas é muito particularmente ligado à questão das drogas, por uma razão muito simples: eu levei um tiro de um usuário de drogas, que me tomou o relógio e me deu um tiro; a bala entrou no pescoço e saiu pelo pulmão, passando por cima do coração - essa é a base. Então, os projetos que faço se cruzam muito nessa linha da questão da dependência química. Acho que, hoje, como Legislador, como Parlamentar, eu preciso dar uma contribuição, porque, durante muitos anos, quis, de alguma forma, gritar e fazer alguma coisa, mas nunca fui ouvido como cidadão comum. Hoje, pelo menos, eu tenho mais articulação nesse sentido.

Eu tenho várias preocupações e não vou conseguir esgotá-las neste tempo, porque, logo, o sinal vai bater, e eu vou ter de encerrar. Mas eu vou dar continuidade, não vou encerrar este assunto, que é a questão das drogas, no dia de hoje. Falei, na última vez em que estive aqui, que, hoje em dia, é mais fácil uma mãe e um pai matarem um filho do que encontrarem um lugar para tratarem esse filho. O que estou falando eu não estou inventando, os senhores estão lendo nos jornais, estão escutando nas emissoras de rádio, estão assistindo na televisão. É mãe amarrando filho com corrente de ferro e cadeado em tronco, numa viga de cimento, na cama, para esse filho não sair de casa, para não usar crack, não se prostituir, não usar da violência, não roubar, não morrer esse filho. Muitos pais, na tentativa de salvar os seus filhos, usam aquilo que está a sua volta. Não há um lugar para encaminhar, não há como tratar; o negócio, muitas vezes, é amarrar e usar o cadeado. Quando as mães não têm essa criatividade, partem para pegar um revólver e matar o filho, por não agüentarem, por estarem, as próprias mães, muitas vezes, doentes. Para um pai, uma mãe chegar a pegar um revólver e estourar no peito do próprio filho, matar o seu próprio filho, muitas vezes, com arma de fogo – e eu sei o que é que é um tiro, eu sei o impacto da bala de um 38, eu sei qual é o impacto do corpo quando bate no chão, eu sei o impacto da dor quando um projétil cruza o teu corpo -, para chegar a esse estágio, é porque esse pai ou essa mãe está tão doente ou mais do que o próprio filho que é usuário de drogas. A pergunta é: onde levar para tratar esse filho, essa filha, em Porto Alegre? Onde levar? Responda-me. São Pedro? Hospital Espírita? Eu vou dizer uma coisa aos senhores: o custo, Sr. Presidente, de um jovem drogado é de 5 mil reais por mês. Nós temos em torno de quase mil drogados; isso vai a 5 milhões de reais. Eu acho que nós precisamos trabalhar mais, nesse sentido, para que, no próximo Orçamento do Município, tenhamos lugares para levar os filhos e nossos cidadãos de Porto Alegre que carecem de ajuda e de socorro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, cumprindo um compromisso assumido na tarde de ontem, aqui na Sessão, estamos aqui com toda a documentação que, hoje pela manhã, a Secretaria Municipal de Saúde e o Hospital Presidente Vargas nos encaminharam, a respeito do processo licitatório da empresa que faz a manutenção no Hospital. Nós gostaríamos de passar às mãos do Presidente da Comissão de Saúde o conjunto da documentação, tanto do Processo de Licitação como também dos outros requisitos que foram solicitados pela Comissão.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Mesa agradece a entrega à Comissão, do material, porque foi feito ontem um apelo pela Presidência da Comissão e também pela Presidência da Casa. Nós o cumprimentamos e esperamos que a documentação esteja, realmente, completa.

 

O SR. BETO MOESCH: Nós agradecemos mais uma vez. Esta solicitação não partiu só da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, mas de outros Vereadores que têm acompanhado a problemática do Hospital Presidente Vargas. A Comissão está no intuito de colaborar com o Hospital na difícil gestão de saúde que se apresenta no País como um todo, e vamos agora, aproveitando, Sr. Presidente, reunir a Comissão de Saúde e Meio Ambiente, porque nós estamos para votar o Relatório justamente sobre o Hospital Presidente Vargas. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Cumprimentos aos Vereadores.

O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, integrantes do movimento “A União Gaúcha em Defesa da Previdência Social Pública” me pedem que leia a nota pública que fizeram para a população em geral:

(Lê.) “A União Gaúcha em Defesa da Previdência Social Pública, constituída por entidades representativas do serviço público federal, estadual e municipal, diante do momento de extrema gravidade para a sociedade, vem a público denunciar:

1. O Projeto de Reforma da Previdência constitui o mais sério golpe intentado em todos os tempos no sentido do desmantelamento do serviço público no Brasil e é um verdadeiro confisco dos servidores públicos em atenção à ordem dos mecanismos internacionais financeiros, para atender ao serviço da dívida externa e engordar os lucros dos bancos.

2. A limitação da aposentadoria do servidor público em R$ 2.400,00, sem qualquer regra de transição entre o regime da repartição e o contributivo, constitui um calote aos servidores públicos, que jamais tiveram os direitos próprios dos trabalhadores da iniciativa privada, como, por exemplo, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. A proposta ignora, sem qualquer explicação, que os servidores públicos contribuem à Previdência com 11% da totalidade de sua remuneração, sem que haja um fundo constituído para tanto ou qualquer participação do ente público empregador.

3. Constituem retrocesso social a quebra na estabilidade da relação jurídica entre o servidor público e os entes estatais, o descumprimento da regra de transição contida na Emenda Constitucional n.º 20, no tocante à idade mínima para aposentadoria, a quebra da integralidade dos proventos e da paridade entre vencimentos do servidor ativo e proventos do inativo.

4. A adoção do subteto, afastando a invocação do direito adquirido - garantia fundamental do cidadão e mola-mestra do Estado Democrático de Direito - para reduzir, de imediato, vencimentos, proventos e pensões, é tentativa de desconstituir as carreiras típicas de Estado e as dos servidores públicos em geral.

5. A proposta é ilegítima, pois ultrapassa os limites do Poder Constituinte Derivado, abolindo cláusulas imutáveis, tendentes a assegurar a separação entre os poderes e os direitos e garantias individuais da cidadania contra a opressão do poder político.

6. O projeto elimina a idéia de previdência pública, remetendo os serviços públicos aos fundos privados. As seguradoras e os grandes grupos financeiros serão os grandes beneficiados com a transferência da arrecadação, cujos valores certamente migrarão para o circuito financeiro internacional.

7. A idéia subjacente na proposta é de desmoralizar as funções típicas de Estado, desvalorizando-as a ponto de eliminar com a noção de carreira pública, a ser substituída em seguida por agentes da confiança do Executivo, submetidos a controle ideológico e partidário.

8. A ruptura dos princípios e cláusulas imutáveis, além da desarmonia e desagregação sociais perenes, implicará a deflagração de milhares de demandas de toda a ordem, postuladas por todos aqueles que forem afetados pelo ato estatal viciado, repercussão cujo custo é incalculável para a vida brasileira.

9. Torna-se necessário alertar a sociedade em geral e os lúcidos parlamentares que discutirão a proposta, que este é um primeiro passo de um projeto de instauração do Estado de pensamento único, violador de direitos e garantias fundamentais, sendo previsível que, se não houver reação à altura, os próximos direitos a serem retirados serão os dos trabalhadores da iniciativa privada, através de já anunciada Reforma Trabalhista.”

Esta é a nota pública da União Gaúcha em Defesa da Previdência Social Pública que me pedem integrantes do referido movimento, no sentido, Sr. Presidente, e Srs. Vereadores, de se fazer uma grande mobilização para evitar o desmantelamento do Estado, o pisoteamento das garantias, dos direitos adquiridos de trabalhadores e funcionários públicos. Portanto, fica aqui a nossa manifestação com a leitura do documento para dizer que o movimento está tomando conta do País. Não há cidade, não há capital, interior do Estado em que não haja uma mobilização no sentido de obstaculizar que se desmonte o Estado Brasileiro, as suas verdadeiras instituições que são extremamente democráticas. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Apregôo a Emenda n.º 09, de autoria do Ver. Almerindo Filho, que altera o art. 13 do PLE n.º 079/02, que trata do Urbanizador Social. A Emenda é extensa, mas faz alterações em boa parte do art. 13.

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra, por transposição de tempo do Ver. Ervino Besson, em Comunicações.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ontem estive no Bairro Jardim do Salso. Jardim do Salso, de jardim, está muito difícil, porque é lixo por toda parte. É de impressionar. Não estou culpando somente o DMLU, não! O DMLU tem culpa no cartório, sim, mas também a população é responsável pelo excesso de lixo que existe naquele Bairro. Nos fundos do Jardim do Salso, situam-se a Vila Divinéia, o Mato Sampaio e a Vila Fátima, e há inúmeros depósitos de lixo. É de impressionar. Ao lado do terreno da escola, Ver. Haroldo de Souza, há um depósito de lixo, um valão de drenagem repleto de lixo. E o que mais me espanta é que, em uma avenida de grande circulação, a Av. Santa Isabel, esquina com a Rua Professor Abílio de Azambuja, há um terreno urbanizado, com calçada muito bem feita, e a calçada está cheia de lixo, montes de lixo, depósitos de pneus, cachorro morto, impressionante. O DMLU diz que vai lá e retira seguidamente, e a população diz: “Não, ele vai lá de vez em quando.” Então não é o “tão seguidamente”, impressionante o descaso do DMLU e da população com relação ao lixo no Jardim do Salso.

Entrei na Vila Divinéia. Lá no arroio Mem de Sá, tem um cidadão instalado dentro do arroio há quatro anos, aguardando a remoção do DEHAB. Há uma senhora idosa, paraplégica, que vive constantemente ameaçada de morrer afogada, e o DEMHAB não toma providência. Já solicitei aos Vereadores – porque tem Vereador daquela região que vai lá e entrega cartãozinho - e, há quatro anos, o cidadão não sai, não é retirado de dentro do Arroio Mem de Sá, ao lado da Rua n.º 18. Há dois anos, eu estive lá na Rua n.º 16, que foi contemplada, no dito Orçamento Participativo, com pavimentação, e fui ver por que a pavimentação estava incompleta. É porque existem dois postes no meio da rua que precisam ser deslocados para a rua poder receber o asfalto. Eu tenho as fotografias. Há dois anos não são retirados os postes no meio da rua para completar a pavimentação; parece que estão brincando. O próprio arroio Mem de Sá está atulhado de lixo; lixo no arroio é uma vergonha. Não é feita uma limpeza no mínimo há dois, três ou quatro anos, está lotado de lixo! Eu sei que é uma responsabilidade do DEP. Sei. Então, apelo para o DEP fazer a limpeza do arroio Mem de Sá junto à Vila Divinéia e Mato Sampaio. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, eu quero focalizar três assuntos neste meu tempo: o primeiro é segurança. Eu não sou imbecil de vir aqui e falar que a falta de segurança no Estado tem culpados diretos: não tem. O esfacelamento social é que gera a violência. A violência também é combatida com empregos, e aí a coisa começa a pegar lá em cima, onde há briga com a inflação. O novo Governo está estrangulando o País. Que Deus ilumine aqueles que estão mantendo os juros lá em cima por causa da inflação. Que eles tenham razão no sentido de que é preciso um pouquinho mais de tempo para que ela não volte mais. Mas que o País parou, disso todos sabem, porque se reflete no bolso de todos nós e no contingente assustador de desempregados por todos os cantos e recantos da nossa Pátria. E a gente é patriota, mas seremos patriotas até quando? Eu consultei três economistas amigos meus na semana passada. Na segunda-feira que passou, conversei por telefone com mais quatro, e, no balanço final, obtive uma “goleada” de seis a um pró-queda de juros. Será que é só a equipe econômica do Governo Lula que entende desse assunto? Esses votos de economistas foram votos pelo conhecimento íntimo de cada um, dentro de uma análise lógica de quem estudou a matéria e afirmam já haver condições de se baixarem os juros. Se perder o tempo da bola, o gol não sai, e o Governo já construiu um lance para finalizar e marcar um “golaço” na economia e na vida do povo deste País.

O segundo assunto de hoje, fugindo das oratórias gerais, fiscalizando a Cidade, tenho a denunciar aqui e desejo pedir providências para a Escola Estadual Pedro Américo. Não é Pedro Américo Leal, porque homenagens desse tipo ao nosso Pedro Américo daqui, só daqui a setenta anos. O Pedro Américo Leal vai viver mais setenta. Então, essas homenagens de nome de escola para ele só daqui a 70 anos. A denúncia que faço é da Escola Pedro Américo, que fica na Estrada Chapéu do Sol, em nossa Capital. Esta escola tem um total de quatrocentos e trinta e um alunos da 1.ª a 8.ª séries, e suas condições são das mais precárias. Em dias de chuva, goteiras provocam amontoamento dos alunos em outras salas de aula. A escola sofre sindicância e por isso, por sindicância, Ver. Pedro Américo Leal, ela não recebe verba do Poder Público. O que os alunos têm a ver com isso? Falta, praticamente, tudo para que aqueles quatrocentos e trinta e um alunos continuem estudando. Eu não consigo entender, meu querido Ver. Juarez Pinheiro, como é que uma pendência judicial possa justificar prejuízos ao funcionamento de uma escola de crianças e adolescentes, e deixo aqui a palavra aos Secretários: Estadual, José Fortunati, e Municipal, querida Sofia Cavedon.

Mais um Ministério foi criado pelo Presidente Lula, a fim de criar novos empregos no País, mas também para acomodar o PTB; não o PTB daqui, o PTB e os seus aliados de lá, e pode até criar mais um Ministério para acomodar o PMDB, não o PMDB daqui, mas o PMDB de lá, o PMDB do cara chamada José Sarney, que já deveria ter sido banido da vida pública brasileira. Eu sugiro o “Ministério do Jogo”, porque este, sim, ao liberar o jogo de cassinos, estaria gerando milhares de empregos e a entrada de dólares no País. Este é o País em que mais se joga. O Governo patrocina Mega Sena, loteria comum, Super Sena, Loteria Esportiva, Lotomania, Quina e que tais. O Brasil já é um cassino. É um país de jogo? Sim, e por que essa coisa de não se estabelecerem aqui os cassinos? O cassino alavancou a economia norte-americana, num dos seus períodos de crise mais profunda, Ver. Zé Valdir, que me acompanha. Por que não haver cassinos no País? Por que não um cassino aqui em Gramado? Um cassino em Garopaba, Santa Catarina? Por que não reavivar o Cassino da Urca, no Rio de Janeiro? Por que não um grande cassino em São Paulo, cassinos nas praias, junto às belezas naturais do Norte e Nordeste, trazendo mais empregos, mais impostos e dinheiro para os cofres do Governo?

 

O Sr. Zé Valdir: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Haroldo de Souza, V. Ex.ª acabou de se filiar ao PMDB e está nos informando que há o PMDB de lá e o PMDB de cá? Em qual PMDB V. Ex.ª se filiou?

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Eu me filiei no PMDB do Rio Grande do Sul. Se era para isso que V. Ex.ª pediu aparte, não! O meu tempo é muito precioso, o meu tempo é muito valioso para responder a uma baboseira desta. Eu mesmo disse que o PMDB meu é o daqui. Pode cortar o microfone que não há mais tempo. O que é isso! Pensei que V. Ex.ª iria perguntar uma coisa séria.

Os brasileiros, que gostam de cassinos, levam o dinheiro daqui e deixam lá fora. Daí, seriam os de fora que viriam aqui e aqui deixariam o dinheiro. Agora, para se criar um projeto de cassinos no Brasil é preciso coragem, e, sem coragem, não se modifica nada de forma profunda. Deixo a sugestão: cassinos no Brasil! E, se for preciso, criar mais um ministério. Quem sabe criar ministérios é o Presidente Lula, e como sabe. Então que crie o “Ministério do Jogo”, para que nós tenhamos cassinos e geremos mais empregos aqui no País. O Rio Grande do Sul pensa diferente, o PMDB, o PT, o PDT, o PTB, os Partidos políticos do Rio Grande do Sul, todos pensam diferente do que pensa a cúpula de Brasília. E eu tenho um orgulho muito grande disso. Eu sou PMDB de Pedro Simon e não do famigerado José Sarney, que já deveria estar na cadeia ou então fora do País.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, V. Ex.ª tem de devolver a pergunta para o Ver. José Valdir. De qual PT ele é: o daqui ou o de Brasília?

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: É que o meu tempo é muito precioso e eu não pergunto baboseira para as pessoas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós vivemos em um momento de grande efervescência política, de grande efervescência deste debate, em função de um fato maior que vive a Nação, que são as questões nacionais aí colocadas. O País inteiro acha-se mobilizado, Ver. Juarez Pinheiro. Independentemente das posições que se colocam no quadro, o País está mobilizado. O dia de ontem revelou o pleno exercício da democracia e do debate político. E há que se ter sensibilidade para conviver com a democracia, sensibilidade para se conviver com as posições que, muitas vezes, se enfrentam no confronto do antagonismo das idéias que se colocam no quadro nacional. Agora, o País, ao lado deste grande debate nacional e de uma aparente estabilidade financeira, vive um clima, eu não diria de convulsão, mas altamente preocupante. Por que preocupante? Porque é um País que se encontra com a sua economia paralisada, imobilizada, sem crescimento, com aumento de desemprego, com os indicadores sociais extremamente preocupantes e aumentando para o lado negativo, e o único projeto alternativo é um projeto que não resolve, não equaciona os problemas nacionais, que é o Programa Fome Zero, apenas atenua, o quadro é preocupante. E agrego a isso os indicadores de estatísticas que nos preocupam mais ainda. Quais são eles? O aumento dos títulos protestados de forma assustadora nos últimos dois meses. Isso revela o quê? As pessoas estão sem dinheiro para pagar as suas contas. Ninguém é inadimplente, Ver.ª Margarete Morais, porque quer. É inadimplente porque as circunstâncias o conduzem, o deixam sem dinheiro. O salário está abaixo da realidade, o salário não expressa o princípio constitucional que ali está estabelecido em relação ao salário mínimo. Onde chegar com tudo isso? De outro lado, o número dos cheques sem fundo aumentou em 30% em relação ao ano passado no mesmo período. As pessoas passam cheques sem fundo porque querem? Não. Em primeiro lugar, hoje, o cheque deixou de ser uma ordem de pagamento - não é verdade, Ver. Juarez Pinheiro, V. Ex.ª que é um homem ligado ao Direito? - para se constituir em uma promessa de pagamento. Ele se desconstituiu como título de crédito, na condição de ordem de pagamento, para se transformar em promessa de pagamento, através do cheque pré-datado, usado por todas as instituições financeiras que recebem cheques como promessa de pagamento ou pelos grandes magazines que, igualmente, recebem cheques como promessa de pagamento. E o índice está aí. O grau de endividamento das pessoas é outro indicador assustador: um terço da população brasileira usa o seu orçamento familiar para pagar custos financeiros, cartão de crédito, juros de crédito pessoal. E não é o juro da Inglaterra nem do Estado de Israel, 8% ao ano, é 178, 180 e 200%.

Ver. Pedro Américo Leal, aonde é que vamos parar? Estranhamente, forja-se uma aliança do bloco neoliberal com o bloco no poder neste momento, que é o PT. Quem é o bloco neoliberal? São os grandes do PMDB, sim, o centro do poder do comando do PMDB, o centro do comando nacional do PTB, o centro do próprio Partido de V. Ex.ª, Ver. Pedro Américo Leal, e V. Ex.ª é testemunha disso, e se indigna em relação a isso!

Para encerrar, gostaria de tratar, aqui, das questões que dizem respeito a nossa Cidade: a questão do Plano Diretor, que será objeto de um trabalho exaustivo por parte de uma Comissão Especial que está sendo constituída nesta Casa, as questões tributárias da nossa Cidade, a questão do combate ao desemprego; mas, infelizmente, a tragédia nas questões maiores de ordem econômica e social, que afligem todas as cidades brasileiras, me impôs a necessidade de fazer esta intervenção e este tipo de discurso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. João Bosco Vaz, em Comunicações.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Ilustre Presidente desta Casa, Ver. João Antonio Dib, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, senhoras e senhores, como dizia um colega nosso de outras legislaturas: “Nada como um dia depois do outro.”

Quem lesse os jornais de cinco, dez anos atrás, veria o Presidente da República de hoje liderando atos em Brasília, dizendo horrores de Fernando Henrique Cardoso, em defesa dos funcionários. Hoje é exatamente o contrário, com um agravante: a virulência estalinista do Palácio do Planalto. Tanto é verdade que os jornais todos publicaram que o refrão mais usado agora é: “Stalin não morreu, viva o José Dirceu.” Estão os jornais publicando, não sou eu que estou a inventar frases.

Porque chegou-se ao requinte de querer impedir que a Bancada petista comparecesse ao ato - ruim ficou a Bancada do Rio Grande do Sul, que está com ânimo de ir ao encontro dos funcionários, outrora seus aliados.

Então, hoje, não se fala outra coisa no Brasil senão da Reforma da Previdência e essas contradições todas do Governo, mas vão agravar-se os fatos.

Por isso está na ordem do dia de todos os parlamentos, de todos os brasileiros essa questão, porque ela vai influenciar na vida de todos nós. Dever-se-ia fazer, primeiro, a Reforma Política, depois a Reforma Tributária, para saber a quantas andam as questões pertinentes à tributação, por exemplo. Não! Primeiro, a Reforma Previdenciária, aí, irão aumentar-se os impostos. Já se paga 36% do PIB - Produto Interno Bruto. Apregoam-se maus agouros de que os brasileiros, as brasileiras irão pagar mais de 40% do PIB em tributação!

Já existem vinte e oito espécies de impostos, taxas, contribuições e outros.

A Contribuição Provisória da Movimentação Financeira está sendo negociada, e até vou dizer aqui: há muitos anos que acompanho, que luto para que essa contribuição, que era para a Saúde, que nunca foi totalmente para a Saúde, fosse reduzida aos poucos e finalmente extinta, porque era provisória.

Pois bem, o realismo político leva-nos, hoje, à conclusão, e temos de conviver com a realidade, de que, com relação a essa Contribuição, jamais o Governo vai abrir mão de 20 bilhões por ano.

Então, esse é o realismo político. Diante desse realismo, eu gostaria de me aliar às confederações municipalistas, ao Presidente Paulo Ziulkowski, que é gaúcho, que é um lutador pelos Prefeitos, pelos Municípios, pelos Vereadores, lá em Brasília, já com assento nos altos escalões da República. Eu já estou me aliando a ele. Até aceitaria, claro que em índice menor do que o 0,38% atual, mas aceitaria se parte - já que não foi tudo para a Saúde - dessa Contribuição Provisória, CPMF, também viesse para os Municípios ou para os Estados, mas principalmente para os Municípios. Porque, antigamente, os Municípios tinham cerca de 20% no bolo tributário nacional. Tinham 20%, senhoras e senhores, brasileiros e brasileiras, hoje têm 13%. Então, a luta da Confederação Nacional dos Municípios é legítima, é válida, e nós estamos com o Município, que está apregoando, já, déficit de - não sei - 75 ou 80 milhões até o fim do ano. Então o futuro dos Municípios está em jogo, e nós, que vivemos no Município, que temos os problemas a partir dos Municípios, aliás, somos Vereadores, Parlamentares Municipais, temos a obrigação de lutar pelos Municípios. Então, eu repito: os Municípios já tiveram 20% do bolo nacional, ou seja, 20% era enviado aos Municípios; diminuíram para 13% na última reforma que agora está se renovando. Pois queremos, então, que aumentem a parcela dos Municípios, o quinhão dos Municípios, e a CPMF seria uma saída. Agora, a pior saída, a mais desrespeitosa com todos nós será colocar-se essa CPMF, que arrecada 20 bilhões por ano, somente a serviço da União e não a serviço da Saúde, por exemplo, que está um caos em todo o Brasil.

Encerrou-se o tempo, Sr. Presidente?

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Encerrou o seu tempo.

 

O SR. NEREU D'AVILA: Eu confesso que tão empolgado estava que não escutei a campainha, mas peço escusas por ter passado alguns segundos e, evidentemente, voltarei à tribuna em próximas oportunidades.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações, por transposição de tempo do Ver. João Carlos Nedel.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias, também na TV Câmara, eu saúdo todos, e eu quero, neste momento, fazer uma saudação muito especial. Encontra-se aqui nesta Casa, neste Plenário, o nosso querido amigo Vilmar Romera, que tem levado muito bem, ao longo de sua história, o nome do nosso Rio Grande, do nosso Banrisul e da nossa tradição gaúcha. Portanto, é um orgulho para esta Casa recebê-lo aqui, nosso caro irmão Vilmar Romera.

Hoje, pela manhã, fiz um contato, meu caro Presidente, com o Sr. Carvalho, que é um dos responsáveis pela EPTC. Eu faço este registro porque, nesses dias, praticamente, todos os colégios, todas as creches, enfim, as instituições costumam fazer festividades, porque a Festa de São João é uma tradição na nossa Cidade, na nossa Porto Alegre. Na Rua Cirino Pruner existe uma creche com mais de cem crianças, o nome da creche é “Mundo Mágico”. Todos os anos, meu caro Ver. Pedro Américo Leal, que me assiste com tanta atenção, a EPTC, por um pedido deste Vereador e da própria comunidade, fechava, durante o sábado à tarde - agora será no próximo dia 14 -, aquela via, para que lá fossem feitas as festividades, para que as crianças não corressem risco de acidente. Neste ano, com as obras da Av. Juca Batista, houve um significativo aumento de percurso, e eu, mais uma vez, fui à EPTC e pedi que, no dia 14, fosse interrompido o trânsito das 13 horas às 18 horas. Hoje, pela manhã, fiz mais um contato, depois de alguns contatos que tenho feito com o Sr. Carlos Pires e o Sr. Carvalho, e digo sempre aqui que a comunidade e este Vereador sempre foram muito bem atendidos por esses cidadãos. Fica este registro. Só que, no dia de hoje, eu obtive um retorno do Sr. Carvalho de que - não sei o nome da pessoa que foi lá fazer uma avaliação - não será fechada a Rua Cirino Pruner para as festividades das crianças. Isso preocupou este Vereador. Eu disse ao Sr. Carvalho, mencionei a ele que sempre tive um cordial atendimento da EPTC em todos os eventos que foram feitos na Zona Sul, acredito que em outros que vão ser feitos também, só que nesse eu registrei com muita clareza: “Olha, queira Deus que não aconteça o pior, porque se acontecer algo mais grave a EPTC vai ter que responder.” Mais uma vez vou pedir ao Nosso Protetor para que isso não venha a acontecer.

 

O Sr. Elói Guimarães: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Ervino Besson, V. Ex.ª já fez uma saudação ao nosso amigo Vilmar Romera, Comandante da Cavalgada do Mar; também queria solicitar que registre no seu discurso a presença aqui do Pãozinho de Santo Antônio, para que V. Ex.ª oportunize também as homenagens aos Freis Carlos Rockenbach e Irineu Costella.

 

O SR. ERVINO BESSON: Fica aqui o nosso abraço para o Frei Irineu, que nunca esquece de mandar seus pãezinhos bentos. Esta semana estamos comemorando a Festa de Santo Antônio.

Para encerrar, Sr. Presidente, comentei com o Sr. Carvalho, que me prometeu fazer uma fiscalização pessoalmente. Falo isso porque não há problema, estive lá vendo, é só fazer um desvio, um cotovelo; não há problema, não há dificuldade para desviar o trânsito naquela via. Portanto, fica aqui este registro. Lamento muito, sinceramente, pois não vi dificuldade nenhuma, simplesmente não há uma distância maior do que 200m para fazer um desvio. As crianças poderiam fazer essa festa com toda a segurança e, infelizmente, a pessoa que fez a avaliação, acho, não teve o cuidado de verificar a questão com maior responsabilidade, porque o transcurso do desvio é curto, e as pessoas poderiam fazer a festa como vêm fazendo ao longo dos anos e com toda a segurança, mas, infelizmente, digo assim, a EPTC não vai fechar aquele trajeto e queira Deus - mais uma vez repito - que não venha a acontecer algo mais grave. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Encerrado o período de Comunicações, passamos ao período de Pauta Especial, a Pauta que debate a Lei de Diretrizes Orçamentárias, e reitero: trezentos munícipes podem apresentar emendas até o dia 23, e três entidades, associações devidamente registradas também, se o desejarem.

Passamos à

 

PAUTA ESPECIAL

 

DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(até 06 oradores/10 minutos/com aparte)

 

3.ª SESSÃO

 

PROC. 2717/03 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 020/03, que dispõe sobre as Diretrizes Orçamentárias para 2004 e dá outras providências. Com Emendas n.os 01 a 06.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ontem, por obra do Sr. Presidente João Antonio Dib, eu recebi a edição extra do Diário Oficial em que o Prefeito João Verle decreta reajuste de vencimento de salários, vantagens e proventos aos servidores públicos municipais. O reajuste do índice de vencimentos dos servidores públicos municipais em URV fixa em 0,54%, a partir de 1.º de maio de 2003. Dessa forma, os servidores municipais, ao invés de terem um aumento de 2,46%, como vinham tendo desde o Governo Collares até hoje, há mais ou menos dezesseis anos, vêem diminuídos os reajustes, nesta já difícil e complexa quadra brasileira em que Porto Alegre se enquadra e se insere num momento extremamente preocupante para o País, que é o momento da estagnação.

O Ver. Zé Valdir perguntava ao Ver. Haroldo de Souza a qual dos PMDBs ele pertencia, o daqui ou o de lá? E nós ficamos nos perguntando: qual o PT, o daqui ou o de lá? Pois às vezes ele se superpõe e está aqui.

O meu prezado Ricardo Collar, Secretário da Fazenda do Município, esteve aqui na Câmara e, dentre outras coisas, informou que o reajuste seria de 0,54%. A receita do primeiro quadrimestre não se confirmou, o repasse do Fundo de Participações dos Municípios caiu em 23%, o repasse do Sistema Único de Saúde, no mês de maio, conforme informação do Sr. Ricardo Collar, Secretário Municipal da Fazenda...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ver. Cláudio Sebenelo, é Pauta Especial.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: É exatamente a isso que vou me referir. Vou-me referir à Diretriz Orçamentária, que isso vai...

O repasse do Sistema Único de Saúde caiu em 40%; o IPVA em 21%, e, com isso, a Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita despesas em 54%, seria ultrapassada se desse aumento de 2,46. Então, anunciou uma série de outras medidas, e, a seguir, veio aqui o Secretário Eliezer Pacheco e disse que a Prefeitura vai manter a política de reajuste semestral, mas vai abandonar o IGP-M. Esse anúncio faz parte de uma estratégia de pressão e de manobra diversionista para que os Vereadores passem a aprovar todos os pedidos de aumento que passem pela Câmara, e o municipário, que tem essas conquistas todas desde os tempos já tão longínquos do Prefeito Collares, são hoje o bode expiatório das Diretrizes Orçamentárias, são hoje os culpados pelo déficit público, pelos problemas econômicos do Município, mas, principalmente, vão pagar na carne algumas diatribes municipais, do Paço Municipal, incluindo-se os problemas de gastos com publicidade insuportáveis e que não foram suspensos como medida de economia. Quem vai pagar isso, na pele, é o municipário.

Continuando o PT na gestão da Cidade, as diretrizes orçamentárias terão que ser cumpridas e presidirão um Orçamento em que a economia dos 75 milhões, no fim deste ano e no início do outro, vai ser feita em cima de quem? Em cima do salário dos funcionários municipais. É isso que nos mostra este quadro, que vai ser modificado rapidamente com as mensagens que, a seguir, chegarão nesta Câmara, pois a diretriz orçamentária que faz com que e permite que os Vereadores tenham acesso ao Orçamento e que tenha, inclusive, a interferência direta dos Vereadores no Orçamento desta Casa... Atualmente, estão praticamente impedidos.

E nós temos que votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, temos que modificar diversos artigos que engessam a atitude de cada um de nós e que engessam, inclusive, a nossa atitude em relação aos grandes dilemas, não só da Câmara Municipal, mas do Município, dos seus munícipes, da gravidade da situação da área da Saúde, que vai ser cortada agora e já se noticiam grandes cortes na área fiscal, na área social, na área da saúde, da educação, mas não anunciam nenhum corte na área da publicidade. E aí nós perguntamos: o quanto é preciso fazer, nesta Casa, para que se mude o formato da Lei de Diretrizes Orçamentárias, para que mudem os seus artigos que impedem que os Vereadores possam agregar e retirar da parcela publicitária verbas para a educação, para a saúde e para a assistência social? E é isso que eu conclamo esta Casa a fazer: a votar unissonamente pela alteração dessa Lei que nos engessa, que não nos permite que nós possamos aquinhoar, fora do malfadado e malsinado Orçamento Participativo, as dotações necessárias ao investimento no social, ao investimento no crescimento dessa área, que é, indiscutivelmente, o calcanhar-de-aquiles desses que têm a hegemonia, há quinze anos, da política no Município; gestores que têm como epílogo a favelização, a crise, o caos na Saúde, o esquecimento da pré-escola e, principalmente, a infelicidade social dos seus munícipes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nós queremos agradecer aos freis Irineu Costella e Carlos Rockenbach, que mandaram aos Vereadores pães de Santo Antônio, tentando infundir um pouco de religiosidade em todos nós. E também estão convidando para, amanhã, que é o Dia do padroeiro, Santo Antônio, para as celebrações que ocorrerão de hora em hora, a partir das 7 horas da manhã e para as procissões, nos horários das 9h, 15h30min e 20h. Espero que haja alguns Vereadores para rezar para os outros que não irão.

A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, senhoras e senhores, Lei de Diretrizes Orçamentárias, nesta semana, começamos a discutir, fazendo aí uma ligação entre o Plano Plurianual e as discussões anuais. Tudo o que discutimos na Cidade, nas temáticas, no Orçamento Participativo e nesta Casa para o ano vindouro, agora estamos aprovando. É importante que a comunidade que nos assiste saiba o que estamos apreciando neste momento e o quanto isso é importante para a Cidade.

Mas não posso deixar de citar algumas “pérolas” que são ditas nesta tribuna. Temos que discutir o conceito de hegemonia, que pode ser pontual, como é o caso de Porto Alegre, em que estamos na Prefeitura, não sendo hegemonia de poder. Poder é outra situação; poder são aqueles que detêm os meios de produção, as indústrias armamentistas, o poder da terra, etc. Temos que deixar isso claro, para que não haja uma confusão mental, pois acredito na sabedoria e na consciência política e cultural da nossa comunidade, para que vejam que existem pessoas esclarecidas aqui também, os pares desta Casa, e que nós temos um entendimento sociológico e filosófico frente às teorias e à formação de opinião que nós todos temos frente à sociedade. É importante que algumas “pérolas” não passem em branco, para que não caiamos na vala comum, parecendo que todos aqui estão na ignorância.

Gostaria de falar, hoje, de cultura. Temos desenvolvido em Porto Alegre, junto com a sabedoria popular, a descentralização da cultura. Porque falando de cultura, parecia ser domínio apenas de algumas elites. Mas com essa descentralização, descobrimos que a população tem uma cultura fantástica, e somos formadores de opinião nesse conceito de cultura. Na nossa região – moro na Lomba do Pinheiro, com muito orgulho – hierarquizamos, há dois anos, um projeto fantástico na periferia da Cidade. Hierarquizamos, em primeiro lugar, um Centro de Cultura e Economia Solidária. Nós vamos, então, constituir geração de renda, trabalhar a questão da segurança alimentar, mas vamos discutir - e estamos fazendo -, no cotidiano, cultura; que não é mais apenas o samba e o CTG. Vejam, só! Nós estamos, hoje, com várias oficinas fantásticas, discutindo com a nossa comunidade, e os nossos filhos estão lá, trabalhando com isso. Uma das oficinas trata da questão da produção. Nós já estamos debatendo a questão de, futuramente, nós podermos discutir discos, vídeos, filmes e reprodução videográfica de caráter cultural. Estamos discutindo isso junto com o Governo Federal - e temos lá o ex-Secretário - e estamos tendo uma parceria fantástica para trabalharmos a questão de cinema e produção de vídeos.

Apoiar a cultura popular, apoiar a cultura indígena, promover intercâmbios culturais com cidades, estados e países – e nós, aqui, já fizemos diversos Projetos coirmãos de vários países nesse intercâmbio cultural -, estimular e fomentar as manifestações culturais através de programas, projetos, pesquisas, promoção, eventos e concursos. Quantas coisas das quais nós, até hoje, estávamos distanciados e que podemos contribuir para a sociedade!

Há outra questão que me chama muito a atenção, que nós estamos discutindo, que é a questão dos direitos humanos e a questão da segurança na nossa Cidade. Há pouco tempo, quando o então Governador Olívio Dutra dirigia o Estado, tínhamos estampado, sistematicamente, na primeira página do jornal Zero Hora, que o problema da insegurança, na nossa Cidade, era atribuído ao Partido dos Trabalhadores, principalmente ao nosso companheiro e ex-Secretário Bisol. O que é que acontece? Quem de nós pode dizer que o problema da Segurança Pública pode ser atribuído a esse ou àquele Governo da forma que era estabelecida aquela relação cotidiana através dos meios de comunicação? Hoje, nós soubemos por estatísticas - eu tenho aqui, senhoras e senhores, esta é uma pasta, Ver. Dr. Goulart, que contém dados que nós, no gabinete, temos feito um levantamento diário da violência que a população vem sofrendo neste Estado e do aumento da violência que está acontecendo. Nós soubemos que a questão da violência é um problema muito sério, uma questão social da degradação da sociedade através do desemprego, da desestruturação, da industrialização da marginalização, e que isso não é brincadeira. Por exemplo: nós fizemos uma pesquisa - e tivemos a coragem de fazer isso - com o levantamento dos principais pontos, dos problemas mais graves da nossa Cidade, da violência. Fizemos porque nós tivemos a coragem de fazer o levantamento e queremos enfrentar com a sociedade. Nós não queremos fazer enfrentamento porque é o Partido dos Trabalhadores que está há quinze anos nesta Cidade. Fizemos pela responsabilidade que temos de estarmos frente a frente com as conseqüências, mas também com a responsabilidade de buscar as causas. Agora, nesta semana, houve um episódio com o Vice-Governador Antonio Hohlfeldt, que, quando aconteceu o problema do assalto no carro do então Governador Olívio Dutra - e há as notas taquigráficas - disse que era um problema de insegurança, que era um problema de incapacidade de gerenciamento do Partido dos Trabalhadores na área de segurança. E agora, Vice-Governador? O que aconteceu? Que triste ver V. Ex.ª em uma situação como aquela, vendo o seu carro assaltado...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Vereadora, não está bem na Pauta.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Estou, Vereador, como os outros que aqui me antecederam. Quero contextualizar o problema da insegurança. Obrigada.

Eu quero aqui me solidarizar com V. Ex.ª, Vice-Governador, mas lembrar que nós enfrentamos, aqui, como se nós não tivéssemos capacidade. Pois agora nós estamos enfrentando, diariamente... Aliás, os assaltantes foram encontrados, até hoje estão presos e a Justiça está tomando conta disso. O que nós soubemos, além da agressão que V. Ex.ª sofreu, Vice-Governador, é que os assaltantes foram executados. Vários casos nós temos visto sobre isso. Aqui a justiça não cabe. O que tem acontecido no Estado é olho por olho, dente por dente. Será que é isso que vai resolver o problema? Será que é isso que vai resolver? Sabemos que, mesmo nos países em que existe pena de morte, a questão da marginalidade tem crescido, e muito, seja qual for a morte, seja no paredão, como fez Fidel Castro, seja como acontece nos Estados Unidos, por uma injeção letal, seja qual for a forma. Porque, quando foi em Cuba, foi um horror; agora, injeção letal também é um horror. Então quero questionar aqui a responsabilidade que todos temos frente à questão da insegurança. E nós estamos fazendo um trabalho sério, estivemos em todas as regiões de Porto Alegre, com a Secretária Helena Bonumá, com peritos nesse assunto da área de Segurança, e com a responsabilidade necessária, sem precisar colocar ninguém no paredão, mas, sim, buscarmos as causas para poder, num curto, médio ou longo prazo discutirmos e buscarmos saídas, tanto na questão de geração de renda, tanto na questão dos problemas que nós enfrentamos com a superlotação nas penitenciárias, como a responsabilidade que nós temos, até por sermos contra a pena de morte. Estatísticas mundiais mostraram que isso não resolve, que as ações conjuntas podem, de uma forma séria e responsável, ser resolvidas, e não apenas executar. Eu ouvi, aqui desta tribuna, pessoas gritando e bradando sobre a questão de que Fidel Castro havia matado três pessoas, mas não ouvi dessas pessoas, quando houve várias execuções por morte de assaltantes. Era o mesmo olhar, porque para mim não existe muita diferença. Eu quero discutir isso, continuar discutindo e abrindo os olhos da sociedade sobre o que está acontecendo. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Margarete Moraes está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, João Antonio Dib, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, embora nesta tribuna várias vezes, haja a manifestação de vários Vereadores, do companheiro Zé Valdir, da companheira Maristela Maffei, assim como do Ver. Cláudio Sebenelo, que enriquecem esse debate sobre arte, sobre cultura, eu gostaria de me referir à LDO, no que tange à programação dos projetos, os conceitos da Secretaria Municipal da Cultura para o próximo ano, para 2004. Em primeiro lugar, quero dizer que eu fico muito feliz, porque guarda uma grande coerência com os conceitos que foram estabelecidos desde o início, através do nosso Secretário Pilla Vares. Ou seja, a compreensão é que a cultura trabalha com símbolos, com as coisas do espírito, a partir de dois campos: do campo clássico, das questões estéticas ligadas às artes às expressões que podem ser de cinema, de artes plásticas, de música, de dança, de artes cênicas e também a partir do campo e de uma visão antropológica, ou seja, de uma visão muito mais abrangente que considera a cultura tudo aquilo que é pensado, construído, produzido pelas pessoas neste mundo, as nossas famosas circunstâncias, aquilo que nos faz compreender o passado, entender o presente e nos comprometer com o futuro. Enfim, a cultura a partir do ponto de vista de uma visão bem mais ampla; um intrincado sistema de opções, de escolhas, os ritos, os mitos, as lendas, as tradições que envolvem a nossa história, o nosso jeito de ser e estar no mundo. Compreendendo sempre que cabe a um órgão público de cultura trabalhar com a preservação dos bens materiais e imateriais.

No caso concreto da nossa cidade de Porto Alegre, nós temos a Coordenação da Memória Cultural que está tratando de um debate muito contemporâneo, que diz respeito ao Plano Diretor, que é a preservação dos bens edificados, e se interessa por listar os imóveis que poderiam ser considerados, ou poderão ser, como bens culturais e aqueles que merecem uma postura de tombamento. Também existe o Arquivo Histórico Moisés Vellinho na nossa Cidade, que guarda toda a documentação oficial de Porto Alegre, da Câmara de Vereadores e também do Executivo, e o Museu Joaquim José Felizardo, que cuida, preserva e coloca à disposição da comunidade fotografias e objetos, constituindo a história contemporânea da nossa Cidade. Tudo isso baseado em princípios que julgamos irrenunciáveis, como o princípio da democratização da cultura, que pode ser entendido sob vários aspectos, mas que eu poderia me referir a um processo de facilitação ao universo humanitário, aos bens universais da humanidade. Democratização também diz respeito a mecanismos já instituídos de diálogo, de diálogo através de vários institutos, como as Comissões de Cultura que já existem nas dezesseis regiões do Orçamento Participativo, a Conferência Municipal da Cultura, as plenárias temáticas de Cultura, o próprio Conselho Municipal da Cultura, eleito pela sociedade, e todo o diálogo que acontece cotidianamente entre as coordenações da Secretaria e os diversos setores da vida cultural da nossa Cidade.

Também gostaria de me referir, Sr. Presidente, a outro princípio, que é o princípio que já foi falado aqui, que seria da descentralização da cultura, que surgiu da idéia e da constatação de que a maioria dos equipamentos culturais de Porto Alegre situam-se no Centro da Cidade e que a população dos bairros, a população da periferia não tinha o menor acesso, o menor contato à produção cultural e nós podemos dizer que ninguém ama ou odeia aquilo que não conhece. É preciso que as pessoas conheçam aquilo que existe na nossa Cidade.

O terceiro princípio que se trabalha é a idéia da pluralidade, ou seja, Ver.ª Maria Celeste, não cabe a um órgão público estabelecer, dirigir ideologicamente a vida cultural da Cidade, mas oferecer todas as alternativas, todos os gêneros, todos os estilos, todas as correntes de opinião para que cada um possa se identificar com a idéia, e, aí sim, estabelecer sua escolha, a sua opção.

Existe uma série de eventos que a Secretaria Municipal da Cultura realiza e que hoje já constituiu o calendário cultural desta Cidade. Ou seja, já existe uma exigência cultural, as pessoas já se programam, já se organizam, sabem que no dia 1.º de janeiro tem o réveillon na Usina e que é aberto a toda a Cidade e que abriga em torno de cinqüenta mil pessoas; é uma festa popular. Depois existe a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, uma festa que é um símbolo religioso, que diz respeito à História, às origens de Porto Alegre e a Secretaria Municipal da Cultura participa por intermédio do Auto de Nossa Senhora dos Navegantes. Nós poderíamos seguir e ir para a Páscoa, em que temos a Procissão do Morro da Cruz, que é trabalhada pelos próprios moradores do Bairro Partenon, a Secretaria Municipal da Cultura entra com o aperfeiçoamento artístico desse importante evento religioso; o Baile da Cidade. As premiações estão garantidas: o Prêmio Açorianos de Música, de Artes Cênicas, de Literatura, de Dança. Em julho acontece o Festival de Artes Cidade de Porto Alegre, promovido pelo Ateliê Livre da Prefeitura, há quinze anos; o Salão de Desenho para a Imprensa; o Seminário de Cinema; a Cultura Nativista; o carnaval; o Porto Alegre em Cena.

Enfim, eu acho muito importante, na LDO, o compromisso da Prefeitura com o pólo cultural na Zona Norte, que vai se constituir na tão necessária Pista de Eventos, cuja obra começa agora. É importante pensarmos, Governo, Câmara de Vereadores, carnavalescos, novos rumos para o carnaval, o carnaval comunitário, o carnaval espetáculo, que deverá merecer um outro investimento da Prefeitura, assim como o processo de regularização das quadras, que já foi iniciado este ano, quando o Prefeito João Verle regularizou em torno de sete quadras das escolas de samba, através de um convênio com direitos e obrigações mútuas. A Secretaria Municipal da Cultura também segue com a idéia de projetos de intercâmbio, de integração cultural, principalmente considerando, Ver. Reginaldo Pujol, a América Latina, aquilo em que nós somos consenso, aquilo que nos une, também valorizando aquilo que nos diferencia.

Eu também queria fazer uma outra referência às questões da assistência social, e acho que isso é muito importante e esta Câmara deve estar atenta. A garantia do Estatuto da Criança e do Adolescente, principalmente em torno de medidas de proteção integral, e no enfrentamento, sem preconceito, sem nenhuma sombra nesse assunto, da exploração e do abuso sexual, principalmente das meninas. É preciso estabelecermos canais de formação e informação de todas as pessoas, independendo da sua condição, de todas as pessoas que tenham possibilidade, sim, de constituírem agentes defensores dos direitos de meninas e meninos de rua, através de políticas sociais que envolvam a cultura, o esporte, a educação e a saúde, políticas de segurança, e também, porque não, e é necessário, políticas na área judiciária. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. SEBASTIÃO MELO (Requerimento): “Sr. Presidente, o Vereador que este subscreve requer de V. Ex.ª seja solicitada, em caráter de urgência, manifestação formal à douta Procuradoria desta Casa, para manifestar-se sobre o PLE n.º 78/02, Proc. 3653/02, no que se refere à: 1. Nos autos da permuta proposta pelo Executivo com a empresa privada do Município de Porto Alegre, consta que dois dos terrenos de propriedade da empresa foram declarados de utilidade pública pelo Sr. Prefeito Municipal, pergunta-se, havendo decretos de Declaração de Utilidade Pública para fins de desapropriação, essas áreas podem ser permutadas? Porto Alegre, 12 de junho de 2003.” Passo o Requerimento a V. Ex.ª.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Encaminharei, sem dúvida nenhuma, à Procuradoria, mas eu posso-lhe responder: pode declarar de utilidade pública; a Prefeitura pode adquirir através de recursos financeiros, ou pode permutar com o interessado, não há dúvida nenhuma, mas vamos levar à Procuradoria para que ela o esclareça, o que o Presidente não conseguiu.

A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, este é o primeiro dia em que eu venho discutir este Projeto, importante para a Cidade – sobre as Diretrizes Orçamentárias -, e quero lembrar a importância que foi a vinda do Sr. Prefeito até esta Casa na semana anterior, quando ele veio protocolar o Projeto, ocasião em que, infelizmente, estavam presentes apenas os Vereadores da Mesa e os Vereadores da Bancada do Partido dos Trabalhadores. Quero fazer referência à importância, à relevância com que o Prefeito trata esta Casa, a Câmara de Vereadores. Ele veio até aqui trazer este Projeto quando não havia necessidade de que ele o fizesse pessoalmente. Poderiam os seus Secretários ter feito isso, mas o nosso Prefeito nos deu a honra de vir até aqui protocolar o Projeto. Mais do que isso, acompanhavam-no os vários Conselheiros do Orçamento Participativo que, junto com o Executivo, tensionaram, trabalharam, refletiram, propuseram essa Peça Orçamentária, agora em Pauta nesta Casa, Peça que os Vereadores terão a oportunidade de analisar. Faço essa referência pela importância do trabalho dos conselheiros da Cidade e pela importância deste Projeto: a Peça Orçamentária da cidade de Porto Alegre.

Esta participação, que, muitas vezes, é questionada aqui pelos Vereadores, que não é reconhecida, que o Governo do Estado simplesmente ignorou, elaborando um outro Projeto para que se faça de uma outra forma, é um processo de que muito nos orgulhamos. Há quinze anos nós temos esse processo em Porto Alegre, e nos orgulha a participação popular direta dos homens e mulheres desta Cidade. Por que é que eu faço essa referência? Porque as pessoas vão para as plenárias disputar, falar, intervir dizendo quais são as suas prioridades, o que realmente a Cidade, a vila, a comunidade precisa, se é saneamento, habitação, esgoto, água, educação, assistência social, enfim, os mais diversos temas. As pessoas - os homens e as mulheres desta Cidade – vão às plenárias e percorrem a nossa Cidade com esse tipo de colocação. Faz quinze anos que nós trabalhamos assim, faz quinze anos que nós temos o orgulho de trabalhar assim. E eu faço esta fala inicial porque, Ver. João Carlos Nedel, que tão atento me escuta, depois de tantos anos, este ano, nas vinte e duas plenárias da cidade de Porto Alegre, com a participação de trinta mil pessoas da Cidade, se elencou, prioritariamente, habitação, assistência social e educação. A qualidade, a conscientização do povo de Porto Alegre é enorme; isso mostrou-se na questão da sua prioridade. Quando as pessoas começam a perceber que, além do asfalto, além da questão do esgoto, além da questão do saneamento básico, há necessidade de priorizar educação, assistência social, realmente Porto Alegre tem uma qualidade de vida e uma participação popular que muito nos orgulha.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ver.ª Maria Celeste, V. Ex.ª está fazendo um belo pronunciamento e V. Ex.ª tocou, com muita ênfase, na questão da educação. Então, eu vou aproveitar, Vereadora, pois temos um Projeto de Lei, ao qual alguns Vereadores da sua Bancada são contrários - nós abriremos essa discussão. Eu digo que são contrários, porque já se pronunciaram nesta tribuna sobre isso. O Projeto é a respeito da retirada de seis dias, durante o ano, da passagem gratuita, o que a comunidade está recebendo com bons olhos. Eu peço a V. Ex.ª que nos ajude a aprovar esse Projeto para que esse recurso seja aplicado para essas crianças que não estão freqüentando as salas de aula porque, Vereadora, sequer têm dinheiro para a passagem. Sou grato a V. Ex.ª. Digo mais, V. Ex.ª foi Conselheira Tutelar, e uma grande Conselheira Tutelar! V. Ex.ª conhece mais do que ninguém a problemática das crianças da nossa da Cidade.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Obrigada, Ver. Ervino Besson, pelo aparte. Eu queria retomar justamente a questão da educação, que V. Ex.ª citou, e lembrar, também, Ver. Ervino Besson, que, sobre a discussão da questão de não-pagamento de passagem de ônibus, nós tivemos uma ampla discussão de uma outra proposta, de um outro Vereador, autor de um Projeto de Lei, nesta Casa, que justamente queria trocar o passe-livre. Este é o momento propício para o debate, este é o momento importante para o debate. Quero lembrar que o Projeto do passe-livre às segundas-feiras não foi aprovado. Então, nós temos que discutir melhor essas questões. Não adianta, simplesmente, se eximir uma parcela do pagamento da passagem de ônibus onerando os demais trabalhadores da Cidade. Então nós precisamos realmente fazer um amplo debate em cima do seu Projeto.

Eu quero, Ver. Ervino Besson, abordar a discussão em cima da questão da educação que V. Ex.ª me trouxe à reflexão, salientando algumas diretrizes, prioridades e metas que estão na LDO, que fala, justamente, no importante papel do que é a questão do Orçamento Participativo como um todo na Cidade. Mas há uma diretriz que eu gostaria de salientar que diz: “Continuar e qualificar o planejamento e o Orçamento Participativo nas escolas do Município de Porto Alegre.” Como funciona nas escolas a questão do Orçamento? Como instrumento de mobilização, de deliberação, de articulação e de uma maior integração com o Orçamento Participativo da Cidade, fomentando as discussões, as necessidades das suas escolas também, não sendo um ato arbitrário da Secretaria ou da Secretária, de poder dizer: “Olha, na escola tal, eu quero que seja feito de tal forma, ou na escola tal.”

Há uma outra discussão, Ver. Ervino Besson, que aqui, nesta Casa, sempre se retoma, de querer colocar disciplinas no currículo das escolas. Vários Projetos passaram aqui, sobre a questão da drogadição, da educação ambiental, querendo implantar essas disciplinas no currículo das escolas. Sabemos que as escolas têm autonomia junto às suas comunidades, para discutir, para pensar as suas propostas e até mesmo os currículos extras que gostariam de debater, conforme a sua região, conforme a sua peculiaridade. Nós temos que estar muito atentos para todo esse processo na questão das escolas, na questão do planejamento, da organização, da forma e, mais do que estar atentos, temos que respeitar a participação popular, respeitando a vontade das nossas comunidades, a vontade dos pais, dos seus conselhos escolares, a vontade dos alunos, a vontade da direção da escola. Isso é participação e respeito com a comunidade.

Quero fazer uma outra referência com relação às escolas municipais. Hoje, nós temos um total de noventa e duas escolas, e, em 1988, eram apenas vinte e nove. Dessas noventa e duas escolas, cinqüenta e uma escolas, Ver. Ervino Besson, são do Ensino Fundamental, sendo que quatro delas são destinadas à educação de pessoas portadoras de necessidades especiais e duas ao Ensino Médio. Hoje, nós tivemos uma Tribuna Popular que justamente falava da dificuldade, do trabalho do atendimento com crianças especiais. Nós temos no Município essas quatro escolas que trabalham, que dedicam o seu cotidiano a crianças portadoras de necessidades especiais. Nós sabemos que ainda é muito pequeno o número de escolas, que ainda é pequena a quantidade de vagas nas creches comunitárias. Infelizmente o tempo é pouco, e eu não vou poder entrar na questão das creches comunitárias. Eu gostaria de retomar essa discussão, porque eu tenho ouvido o pronunciamento do Ver. João Carlos Nedel, do Ver. Elias Vidal com referência à questão das creches comunitárias. Lamento o tempo ser pouco para entrar no debate, mas, na próxima Sessão de Pauta, eu vou estar discutindo a questão do atendimento não-suficiente para as creches comunitárias, ou melhor, para o ensino infantil no Município de Porto Alegre. Nós temos dificuldades, sim, nós temos muitas dificuldades, mas como o Prefeito diz: “Porto Alegre não é uma ilha”, nós estamos dentro de um País que enfrenta verdadeiros horrores com altos índices de desemprego, índices alarmantes nas diversas questões, na questão da segurança pública, sobre a qual a Ver.ª Maristela Maffei falava há pouco. Porto Alegre não é uma ilha. Nós temos dificuldades? Temos. Mas nós queremos, cada vez mais, ouvir a participação das pessoas, dos homens e das mulheres da nossa Cidade, avançar nesse Processo, contribuir com esse processo, realmente, de resgate da cidadania das nossas crianças, dos nossos adolescentes, da população, enfim, de Porto Alegre. Obrigada pela tolerância, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Vereadoras, o Ver. Cláudio Sebenelo, que pretende dar um tom grandiloqüente, um tom épico aos seus discursos, acabando com conclusões, ou “epílogos”, como ele diz, patéticos aqui neste Plenário, acabou levantando uma série de questões a respeito do nosso Governo Federal, a respeito do nosso Partido. Eu quero me referir a duas questões que o Vereador levantou. Ele se referiu aqui ao seguinte: qual é o PT a que nós pertencemos? Essa pergunta, evidentemente, estava ancorada numa confissão que fez o Ver. Haroldo de Souza, que, depois, talvez, o Ver. Sebastião Melo responda, quando ele disse o seguinte: que existe o PMDB de lá e o PMDB de cá. E ele recém se filiou ao PMDB de cá. Nós não temos essa história. Somos um Partido nacional. Também acusou de stalinismo. Quero dizer que defendo a fidelidade partidária, e fidelidade partidária não pode ser confundida com stalinismo...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Agora, vamos voltar à LDO.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Estou no tema suscitado pelo Ver. Cláudio Sebenelo, no mesmo espaço, exatamente no tema.

O que existe é fidelidade partidária. Agora, aqueles que querem, a todo o momento, trair o eleitor, mudar de partido, passando daqui para lá, evidentemente são contra qualquer disciplina partidária, porque se elegem por um Partido e mudam, logo em seguida, para outro partido. Nós defendemos a fidelidade partidária.

A outra questão que o Vereador levantou foi em relação às creches comunitárias, que constam na LDO, que estamos discutindo, na parte da Educação.

Ora, vejam só, quando Olívio Dutra assumiu, em janeiro de 1999, um dos grandes problemas que tivemos foi justamente com as creches comunitárias, porque o governo do PMDB nacional, através do CIAC, e o Governo Collares, através daquele grande projeto das cem Casas da Criança, quando venderam os terrenos da Maguefa para construir as cem casas, e que acabaram construindo dez casas, o que motivou uma CPI nesta Casa, essas poucas creches que foram construídas com o Projeto estavam algumas com a pedra fundamental, outras com o prédio pronto, que não eram mais de dez, e a comunidade não tinha como manter. O mesmo valia para o grande projeto do PMDB, através do CIAC, que construiu prédios de creches, mas não tinha como manter. Nós assumimos com o Governo Olívio Dutra, e a primeira coisa que o Governo Municipal fez foi assumir essas estruturas - algumas construídas pela metade - e realmente transformar em creche, e, de lá para cá, realmente, montamos o programa de creches comunitárias.

Agora, a cada ano, no Orçamento Participativo, se discute o aumento do número de creches por um convênio que possibilita o funcionamento. Não é mais aquela política demagógica de Alceu Collares, que pegou e vendeu, abriu mão do patrimônio público, não construiu as cem casas, construiu pela metade, e a comunidade não tinha como manter.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Zé Valdir, V. Ex.ª, que é um brilhante professor, chegar na tribuna e falar que o Governo Collares não fez nada pela Educação, por favor! Só em recuperação de colégios, creches e os CIEPs... V. Ex.ª tem que ser mais coerente nas suas colocações, com todo respeito que tenho por V. Ex.ª , mas não está sendo justo em suas colocações.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Está bem, V. Ex.ª tem que ouvir primeiro. Eu estou falando nas creches comunitárias, as creches do Programa Casas da Criança, que teve uma CPI nesta Casa, é isso que estou falando.

Ele fez, sim. Ele vendeu os terrenos, não construiu as cem casas, construiu algumas pela metade. Ele fez, sim, pela Educação! E fez o Calendário Rotativo. Claro que fez pela Educação, estou reconhecendo isso, mas estou discutindo a questão das creches.

A segunda questão é que o Ver. Cláudio Sebenelo veio falar da questão da bimestralidade do funcionalismo e disse que foi o Collares, eu não usei esta palavra, jamais usaria.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, há reclamações de que não está sendo discutida a LDO.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Eu estou discutindo, está aqui, no nosso programa: creches, estou contextualizando. Agora, têm uns que não gostam. O Vereador que está me aparteando anti-regimentalmente foi o Presidente da Comissão da CPI!

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, eu parei o tempo de V. Ex.ª. É necessário que voltemos à LDO, porque, na realidade, é um momento importante que a Câmara vive.

Eu não estou falando para V. Ex.ª, quase todos os Vereadores saem do tema, e estou falando justamente para o meu amigo Zé Valdir: por favor, volte à LDO.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Eu estou discutindo. Estabelecer parcerias com ONGs para ampliação e adequação das creches comunitárias. Estou dando um histórico das creches comunitárias.

Agora, se isso não é importante para Porto Alegre, acho que é cerceamento do Vereador na tribuna.

Eu, aqui, na tribuna, posso fazer o histórico que quiser, como qualquer Vereador faz aqui, e vou fazer. Gostem os Vereadores de oposição ou não gostem. As creches comunitárias têm um histórico em Porto Alegre, porque nós viabilizamos as creches comunitárias, e agora estamos colocando na LDO para continuar essa diretriz. É isso que estou mostrando para a cidade de Porto Alegre. Agora, alguns ficam irritados, ficam bravos, não gostam de ouvir a verdade.

 

O Sr. Renato Guimarães: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Zé Valdir, quero contribuir com o um aparte, dizendo que a comunidade da Bom Jesus é o testemunho concreto da “enganação” que foi o Projeto Casa da Criança. Aprontamos o terreno, deixamos lá, recebemos da Secretaria de Educação daquela época, comandada pelo Prefeito Alceu Collares, o Projeto e tudo, e estamos até hoje esperando lá. Uma... (Som cortado conforme determinação da presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não está na LDO a discussão de governos anteriores, pelo amor de Deus! Agora também já ... A Presidência passa a não aceitar mais.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, também não está a discussão do Lula, então; também não está a discussão do PT, como o Ver. Cláudio Sebenelo colocou aqui. (Som cortado conforme determinação da presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Vou chamar a atenção pela última vez. Eu parei o tempo de V. Ex.ª e desliguei o microfone. Vou chamar atenção pela ultima vez. A LDO é um dos momentos mais importantes que vivem os Vereadores. Se não souberem discutir, não têm o que fazer aqui.

Eu não estou me referindo a nenhum dos Vereadores; estou me referindo a todos.

 

O SR. ZÉ VALDIR: A mim V. Ex.ª não vai dar aula. (Fora do microfone.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib):Vereador, eu não estou me dirigindo a V. Ex.ª, mas, se V. Ex.ª está se defendendo, talvez tenha culpa. Retomo o tempo de V. Ex.ª e o microfone.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Eu estou discutindo a diretriz de creche e vou continuar discutindo da forma como eu achar que devo discutir diretriz de creche. Agora, estou fazendo históricos, porque as questões não são meramente questões atuais; as questões têm história, e vou continuar discutindo da forma como... Agora, se V. Ex.ª quer coibir alguém, coíba aqueles que levantaram essas questões aqui, que discutiram Previdência, discutiram o movimento de ontem. Eu aceito discutir. Eu quero ter o direito de discutir tudo aquilo que colocarem, tudo aquilo que pautarem nesta tribuna, porque há pessoas que vêm aqui... Agora, o Ver. Cláudio Sebenelo falou em movimento, e há partidos que estão como “gringo no samba”, porque agora descobriram o movimento e saem nas passeatas, sem cacoete, inclusive, para isso, como gringo sambando no Rio de Janeiro. Não dá certo, querem nos ensinar como fazer movimento, e vêm aqui nesta tribuna, falam o que querem, e não podemos responder. Eu vou responder, sim. Toda vez que colocarem, vou ficar, ouvir, anotar e vou responder. Eu vou responder no mesmo tempo em que fui acusado, Vereador! Eu vou responder no mesmo tempo! Vocês vêm aqui, usam o tempo da Lei de Diretrizes Orçamentárias para fazer tudo quanto é tipo de acusação ao PT, e, depois, nós não podemos responder? Eu vou responder ponto por ponto no mesmo tempo usado pela oposição. Se a oposição usar o tempo da Lei de Diretrizes Orçamentárias para atacar o Governo Federal ou Governo Municipal, eu vou usar o mesmo tempo para defender. É isso que estou fazendo!

Aqui foi falado na bimestralidade. O Ver. Cláudio Sebenelo falou na bimestralidade e disse que a bimestralidade foi invenção do Governo Collares. Meia verdade! Meia verdade, porque essa é uma diretriz que está colocada aqui. É meia verdade pelo seguinte: no dia 28 de dezembro de 1988, três dias antes de o Governo Collares sair da Prefeitura, ele fez realmente a bimestralidade, sem índice, e entregou para o Olívio pagar! Foi isso que aconteceu; esse é o ponto. Ele passou três anos fazendo o maior arrocho salarial em cima dos funcionários e, três dias antes de entregar a Prefeitura, já sabendo do resultado das urnas, instituiu a bimestralidade no dia 28 de dezembro de 1988, sem índice, mas foi no Governo Olívio que nós mantivemos. Nós colocamos o índice; nós aperfeiçoamos a Lei, pagamos e ficamos mais de seis meses tendo de recorrer aos bancos para pagar o funcionalismo. Então, que ninguém venha nos falar aqui em bimestralidade, querendo nos dar aula sobre bimestralidade! Ninguém vem com esse papo aqui, não!

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Luiz Braz.)

 

O SR. ZÉ VALDIR: Não, Vereador. V. Ex.ª não está...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h41min.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib – às 16h42min): Estão reabertos os trabalhos.

Srs. Vereadores, peço atenção de V. Ex.ªs. Se não entenderem que a Lei de Diretrizes Orçamentárias é um dos momentos mais importantes desta Sessão Legislativa, não há por que se reunir, não há por que se reunir. Não vamos fazer uma boa Lei para o Orçamento. Solicito que os Vereadores tenham atenção para que possa ser retomada a Sessão. Solicito que as Lideranças se aproximem da Mesa, por favor.

 

(Tumulto no Plenário.)

 

Ver. Zé Valdir, V. Ex.ª continua com a palavra. Eu vou lhe dar mais um minuto, porque, realmente, eu deixei o relógio correr enquanto V. Ex.ª não falava.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, eu discuti dois pontos aqui: creches comunitárias e a questão da bimestralidade. Abordei essas questões do meu ponto de vista e respondendo questões que os outros Vereadores da oposição suscitaram neste Plenário. Eu vou encerrar o meu pronunciamento, porque vou voltar ao tema. Agora, quero deixar bem claro neste Plenário: eu danço de acordo com a música! Todas as vezes que for utilizado este espaço para fazer acusações - que é um direito, para mim não tem nenhum problema, podem fazer o tipo de argumentação que quiserem -, vão ouvir a resposta, porque eu danço de acordo com a música! Então, todas as vezes que algum Vereador, legitimamente, falar o que quiser, vai ouvir a resposta, minha ou de outro companheiro ou companheira da Bancada. Este é um direito do qual não abrimos mão! Todas as vezes que este ou outro espaço for utilizado para colocar determinada dúvida, que é um direito e que é importante para o Plenário – concordo com o Ver. Pedro Américo Leal, que seguidamente se pronuncia -, nós vamos utilizar a resposta no mesmo tom! Claro que nós vamos puxar argumentos que, às vezes, não agradam, como os argumentos que a oposição usa, às vezes, não nos agradam, mas nós, democraticamente, aceitamos e queremos que os nossos colegas Vereadores e Vereadoras aceitem também a nossa argumentação.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, em algumas questões pontuais e regimentais e algumas advertências que V. Ex.ª, às vezes, inadvertidamente, pode fazer, tenho de reconhecer que V. Ex.ª tem razão, Ver. João Antonio Dib. V. Ex.ª tem razão! Nós estamos aqui discutindo, em preliminar de Pauta, o quê? Estamos discutindo a Lei de Diretrizes Orçamentárias. É óbvio que há questões políticas inseridas nas diretrizes maiores da questão orçamentária, mas, em determinados momentos, alguns Vereadores se desvirtuam completamente e desrespeitam até V. Ex.ª e a Presidência e começam a falar em temas completamente diferentes. O Ver. Zé Valdir tem de falar com o seu Líder para que lhe proporcione o tempo de Liderança do PT para ele fazer seus juízos políticos totalmente equivocados. É legítimo o direito de fazer o seu juízo político, porém não no período da discussão das Diretrizes Orçamentárias. Não discutiu e fugiu do tema. Não sei se, por pouco conhecimento; não acredito, porque é um professor douto. Ver. Zé Valdir, não é o Partido de V. Ex.ª que está respondendo a processos na área estadual em função de uma CPI, dolorosa e dolorida, a que o Governo do Partido de V. Ex.ª se submeteu, atacando aquele que foi uma das maiores vítimas em um processo de uma CPI montada e totalmente política, que foi a CPI da Propina, que não condenou ninguém a nada? Não é acusando, hoje, um dos chefes da oposição nacional, que é Alceu Collares, e que está colocando em xeque, através dos seus conhecimentos, pela luta em defesa dos funcionários públicos, pela luta em defesa dos aposentados, pela luta em defesa dos inquilinos, quando o Governo de V. Ex.ª, nacionalmente – e V. Exa. sabe muito bem...

 

(Aparte anti-regimental da Ver.ª Maristela Maffei.)

 

Estou em Liderança, Vereadora. Tenho o direito de falar, desde que, educadamente, dentro da linguagem parlamentar, Ver.ª Maristela Maffei, que quer corrigir a minha fala. Mas o Governo de V. Ex.ª, em nível nacional, está capitulando em relação aos interesses dos trabalhadores deste País, está capitulando em relação aos interesses dos assalariados, está capitulando para quem? Dobrou a coluna para o Fundo Monetário Internacional. E não é fazendo diatribes contra uma das maiores lideranças nacionais, que enfrentou a traição do Presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Parlamento Nacional e que enfrentou os correligionários de V. Ex.ª, que traíram seus eleitores, que traíram os interesses nacionais, e que estão sucumbindo aos interesses do grande capital internacional. Por isso que não é surpresa quando vemos o ex-Presidente do Banco Internacional de Boston, o maior conglomerado internacional e financeiro, ser o Presidente do Banco Central do Brasil no Governo do Sr. Luis Inácio Lula da Silva. Alguma coisa está errada. Ou o Sr. Meirelles mudou de posição ou o Presidente Lula. E o que está vergonhosamente escancarado é que o Presidente Lula e o Sr. José Dirceu – o todo-poderoso, o chefe do “tratoramento” que se faz sobre os trabalhadores e sindicalistas – estão à frente desse processo de capitulação. Não sei a que interesses estão servindo neste momento; talvez eu saiba, aos interesses do grande capital financeiro internacional, sob o pretexto de que vai manter o equilíbrio da moeda. Enquanto isso, nas grandes cidades brasileiras, aumenta o nível de desempregados. Enquanto se cria a falsa aparência da inflação zero, uma falsa aparência de que o dólar e a gasolina estão baixando, vá ao supermercado ver o preço dos gêneros alimentícios. Por que o Governo não estabelece que, ao baixar a gasolina, tem de baixar todos aqueles produtos? Aumentou tudo, mas não baixou nada. Vereador, V. Ex.ª não tem autoridade de criticar o Governo do então Prefeito Alceu Collares, um Governo de três anos e que fez muito por esta Cidade. Deixou um patrimônio muito importante para a cidade de Porto Alegre. E V. Ex.ªs estão há quinze e estão com uma crise tremenda na Administração desta Cidade, até tiveram que confessar o caos financeiro em que Porto Alegre está ingressando. Por culpa de quem?

 

(Aparte anti-regimental.)

 

Vereador, mais uma vez eu reitero: não venha falar em CPI da Maguefa. A CPI da Maguefa foi na década de 70. V. Ex.ª tem que fazer cronologia, tem que se reciclar no tempo.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, eu compreendi perfeitamente a manifestação do Ver. Zé Valdir e até o desespero dele, porque a Bancada governista, Ver. Cláudio Sebenelo, está sofrendo de uma coisa chamada esquizofrenia. Esquizofrenia, Ver. Dr. Goulart, V. Ex.ª que é especialista nessa matéria.

Ele falou de um mundo virtual, de uma cidade virtual, eu vou falar da Cidade real, porque a manifestação dele, aqui, foi da cidade virtual, aquela do “Cidade Viva”, e há uma fila de gente querendo um passaporte e não encontra.

Nós vamos, aqui, começar pela Saúde Pública, Sr. Presidente, e obedecendo à discussão das metas que a Prefeitura pretende atingir.

O discurso da Frente Popular é de inclusão social, a prática é de exclusão social; são vinte e seis mil, Ver. Pedro Américo Leal, pessoas - jovens, adultos, velhos -, hoje, aguardando, em casa, uma consulta especializada e a Saúde de Porto Alegre não atende. Só no Posto da Glória, trezentas e doze pessoas, alguns desde 1999. Remédio não tem; consulta especializada não existe; os exames, os mais simples, não têm. Esta é a Porto Alegre real!

Eu analiso, porque eu tenho aqui as últimas quatro Leis de Diretrizes Orçamentárias, a de 2000, 2001, 2002, e estou analisando, agora, a de 2003. Essa questão se repete em todas as Leis de Diretrizes Orçamentárias, mais ou menos todas elas repetitivas. Mas, quando nós vamos lá para a execução, a execução é completamente diferente.

Eu quero avançar em alguns campos, porque da Saúde eu consegui fazer uma análise ontem. Hoje, eu quero discutir um pouco a questão tributária da Cidade. Eu quero dizer, meus colegas Vereadores, que onde o PT governa a carga tributária é mais elevada do que em qualquer outra administração. O ISS desta Cidade é muito alto, se criaram muitas taxas e, hoje, as pessoas pagam, por exemplo, por esgoto e não têm o esgoto tratado em casa!

A política da Prefeitura é apertar os pequenos e afrouxar os grandes. Veja o exemplo, Ver. Elias Vidal: os banqueiros desta Cidade não têm pago os impostos regularmente. Agora, depois de muita pressão, fizeram alguns processos administrativos e alguns já estão em juízo. Mas, Ver. Wilton Araújo, amanhã virão nesta Casa algumas dezenas de moradores do Barro Vermelho, pois, indevidamente, foram lançados nos seus carnês - pessoas que não ganham salário mínimo - mil reais! Porque o cadastro do DEMHAB lá nunca chegou e chegou, agora, lançado de sete anos para atrás.

Então, o discurso é a favor dos pequenos, mas, na prática, na verdade, governa aliançado com os grandes, e isso, quando se fala em qualificação tributária, não está resgatado. Nós todos conhecemos, por exemplo, desde 1989, o discurso de todos aqueles que disputaram a Prefeitura e que vieram a ser Prefeitos pela Frente Popular, ou seja, de que tratariam o comércio ambulante desta Cidade, mais especialmente o camelô, com dignidade, com humanismo! O que é que se vê na prática governamental? O que se vê, Sr. Presidente, é que, de um lado, salamaleque para banqueiro, mas, de outro lado, é o cacetete no camelô, porque não se apresenta alternativa! Cadê os mercados populares tão defendidos pelo Secretário, Vereador desta Casa, Adeli Sell, que quantas e quantas vezes subiu a esta tribuna para dizer que tinha que fazer o mercado popular na Cidade?

Vamos buscar os discursos do Ver. Adeli Sell, cem, duzentos, trezentos! Quantos fez na sua gestão? Nenhum! Por quê? Porque é uma política equivocada, Ver. Dr. Goulart, tem um discurso de inclusão social, mas tem uma prática que não corresponde a essa realidade.

Eu quero pegar a questão da política social defendida pelo Vereador, guerreiro, Zé Valdir. Eu quero lembrar a esta Casa - e esta Casa não tem memória curta - que Tarso Genro, Prefeito de Porto Alegre... A imprensa constatou que havia crianças nos esgotos atrás da Prefeitura. Nós imaginávamos que um Governo com sensibilidade social construiria alternativas para resgatar aquelas crianças. O que é que fez o Prefeito Tarso Genro? Mandou tapar os bueiros! Nós andamos nesta Cidade e sabemos que não há uma política efetiva – eu não vou deixar de reconhecer que houve alguns avanços, mas falta muito para resgatar a cidadania na área da criança. São centenas de crianças nas ruas de Porto Alegre, nas sinaleiras! Ou, por acaso, nós não recebemos um documento nesta Casa, Ver. Pedro Américo Leal, há um ano, do Juizado da Infância e da Adolescência determinando que tinha de ser colocada verba no Orçamento, pois o Juizado não tinha mais condições de trabalhar, porque não tinha nenhuma infra-estrutura do Poder Municipal? Se é verdade que há cento e trinta e oito creches, que bom, mas eu quero dizer que há mais quatrocentas que precisam ser credenciadas e o Poder Público precisa assisti-las. Por isso, meus companheiros e colegas Vereadores, eu quero, também, falar um pouquinho sobre a questão da habitação em Porto Alegre.

Eu li, hoje, o artigo do Sr. Prefeito e acho que ele faz uma confissão pública dizendo: “Olhem, nós reconhecemos que fizemos uma administração pensando sempre na próxima eleição. Eu não tinha muito dinheiro, tinha de investir naquilo que me dava mais visibilidade e investi no asfalto.” É verdade. O asfalto é importante para uma Cidade, mas eu quero apenas dizer, Sr. Presidente, que no Campo da Tuca de quinze anos atrás a única coisa que lá modificou foi o asfalto. Se eu pegar a Ilha dos Marinheiros, não mudou nada. Se eu pegar a São José, o que mudou foi o asfalto. O posto, quando existe, não tem remédio ou não tem médico. Quanto à regularização fundiária, que é, indiscutivelmente, um dos maiores desafios dos tempos em que vivemos, gostaria de dizer que a Prefeitura não tem uma política de regularização fundiária. Construíram-se, sim, dez mil e quinhentas habitações - segundo dados da Prefeitura -, casas com 32m2, como aquelas em frente à Avipal, sem saneamento básico, a maioria nem asfalto tem, e compraram-se quase mil apartamentos superfaturados no Jardim Leopoldina, quando a METROPLAN disse que tinha que pagar 0,6 o CUB, foram lá e pagaram 1,2 o CUB dos apartamentos, sendo que hoje tem prestações de 700, 800, 900 reais, e as pessoas não têm condições de pagar! Essa é a Porto Alegre real, Ver. Wilton Araújo. Essa é a Porto Alegre real! Há quatrocentas e setenta áreas irregulares onde o asfalto chegou. Que bom! Mas na Vila do Sargento não chegou mais do que asfalto. Os casebres são os mesmos de quinze anos atrás, o desemprego, a falta de saúde pública, a falta de segurança e tantas outras faltas de política. O asfalto chegou, é verdade. Então nós achamos que, quando se discute a Lei de Diretrizes Orçamentárias, é preciso fazer, sim, esse comparativo. Por quê? Porque o governo tem um aparato publicitário caro, 13 milhões por ano. Quando o Prefeito diz que tem um possível déficit orçamentário, eu pergunto: cortou-se um centavo da publicidade desse Governo? Não! Cortou-se um CC desse Governo? Não! Mas esse Governo é capaz de cortar o pãozinho, a xícara de leite do operário da SMOV, o cafezinho, é capaz de cortar uma conquista dos trabalhadores! Era só o que faltava! Era só o que faltava, o PT arrochar salário de trabalhador, porque, o resto, estão fazendo. Mas faltava isso! Mas até isso estão fazendo! Sabe o que vai acontecer, Ver. Wilton Araújo? Vão entrar na Justiça daqui a um, dois, três anos, e sabe o que vai acontecer? A Prefeitura vai ter que pagar essa conta, porque se criou uma jurisprudência que vinha pagando IGP-M, e, de uma hora para outra, corta! Então nós queremos dizer que temos muita clareza. O discurso da Frente Popular é o da inclusão social. A governança da Frente Popular é conservadora e fiscalista, e governa, geralmente, de mãos dadas com os grandes. Porque é contra os grandes só no discurso; na prática, caminham juntinhos, irmanados, lado a lado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Apregôo duas Emendas: a Emenda n.º 10, da Bancada do Partido Progressista, ao Processo n.º 3.685/02, PLE n.º 079/02. Esta Emenda inclui na alínea c do art. 16 do PLE n.º 079/02, após a expressão “empreendedor”, as expressões “e do Poder Público Municipal”.

Apregôo a Emenda n.º 11 ao PLE n.º 079/02, da mesma Bancada: “Inclui alínea h ao art. 5.º do PLE n.º 079/02, como segue: Art. 5.º, h) atender a todas as exigências constantes do termo de compromisso.”

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1.ª SESSÃO

 

PROC. 2005/03 - SUBSTITUTIVO N.º 01, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que institui o Programa de Recuperação de Créditos do Município (REFIS) de Porto Alegre/RS ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 092/03, de autoria do Ver. Almerindo Filho.

 

PROC. 2184/03 - SUBSTITUTIVO N.º 01, que concede à Sra. Vera Maria Brusque da Silva o título “Esportista Exemplar” ao PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 045/03, ambos de autoria do Ver. João Bosco Vaz.

 

2.ª SESSÃO

 

PROC. 2005/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 092/03, de autoria do Ver. Almerindo Filho, que autoriza a criação do Programa de Recuperação Fiscal Municipal (REFIS municipal) e dá outras providências.

 

PROC. 2446/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 111/03, de autoria do Ver. Nereu D’Avila, que altera dispositivos da Lei n.º 8.891, de 9 de abril de 2002, que autoriza o Executivo Municipal a criar o Fundo Municipal de Crédito Educativo (FUNCRED) no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 2454/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 114/03, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que institui o serviço de analgesia de parto nas maternidades do SUS, no Município.

 

PROC. 2535/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 051/03, de autoria dos Vereadores Luiz Braz, Haroldo de Souza e Reginaldo Pujol, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Senhor Enio Roberto Dias dos Reis.

 

PROC. 2558/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 119/03, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que assegura aos idosos com mais de 60 anos de idade gratuidade nos eventos esportivos e dá outras providências.

 

PROC. 2559/03 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 010/03, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que altera a Lei Complementar n.º 434, de 1.º de dezembro de 1999, e alterações posteriores (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre).

 

PROC. 2716/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 130/03, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Delmar Kuhn um logradouro público cadastrado, conhecido como Rua 6223, CTM 8363277.

 

3.ª SESSÃO

 

PROC. 2560/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 120/03, de autoria do Ver. Cassiá Carpes, que torna obrigatória a instalação de caixas para uso privativo de deficientes, idosos e gestantes no andar térreo dos estabelecimentos bancários que tenham atendimento de caixas exclusivamente em andares superiores, exceto os que possuam elevadores.

 

PROC. 2581/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 122/03, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que inclui o “PORTO ALEGRE OPEN DE TÊNIS – Torneio Internacional” no Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre.

 

PROC. 2597/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 052/03, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão, que concede o título honorífico de Líder Comunitária à Senhora Maria Belquiz Moreira Santos.

 

PROC. 2598/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 123/03, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que denomina Rua Helio Felix Frey um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Espírito Santo.

 

5.ª SESSÃO

 

PROC. 2864/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 055/03, de autoria da Mesa Diretora, que inclui art. 239 no Título X - Das Disposições Transitórias da Resolução n.º 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores (Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre).

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, um dos melhores Projetos que passou por esta Casa, agora, pela inspiração permanente do Ver. Dr. Goulart, está na Pauta de discussão, é um Projeto que propõe a todas as parturientes de Porto Alegre o direito assegurado de analgesia do parto nas maternidades do Sistema Único de Saúde. Apesar das garantias dadas pelo Governo Federal e por estar já com códigos na lista de procedimentos do Sistema Único de Saúde, é necessário, é indispensável, pela municipalização da saúde, uma lei que assegure essas vantagens que foram conquistadas recentemente pelas mulheres no Brasil, entre elas, a formação de comissões hospitalares para investigar todas as mortes perinatais de mulheres no Brasil. E, em segundo lugar, o direito ao parto, que não é uma doença. O nascimento é uma atitude de reprodução, é o final do processo de reprodução, é o nascimento de nossa espécie, não se trata de um processo de doença. Mas, por questões culturais, por questões genéticas, por questões, inclusive, sociais, na história do mundo desenvolveu-se a ligação entre um grande processo doloroso e o parto em si. O cunho fundamental e que hoje é discutido, mas que eu acho que tem que se manter, é o de que os partos têm que ser em maternidades. Mais de noventa por cento dos partos, se forem nas casas das pessoas, sem assistência, eles podem ser normais, mas, na medida em que não há assistência e que não há cuidados, eles passam a tornar-se estatisticamente significativos em gravames para a mãe que vai dar à luz dentro de pouco tempo. Um deles é um processo doloroso. E como tecnologicamente, hoje, nós temos um avanço da química direcionada para o processo de analgesia, e a anestesia é um processo de analgesia também – englobado nesse termo “analgesia”, “algos” quer dizer dor e a partícula “n” quer dizer “não”: tirar a dor, não-dor -, isso é talvez um dos momentos mais sublimes da Medicina: a capacidade desenvolvida pela arte médica de, além de tratar as pessoas, minorar ou anular o sofrimento de uma pessoa, devolvendo-lhe a higidez, e, principalmente, devolver-lhes a sanidade que a ausência da dor traz às pessoas: a felicidade de não ter a dor. Muitas vezes os medicamentos levam também à euforia, mas há dois tipos de euforia: uma medicamentosa e a outra da felicidade de sair do processo de dor.

Isso é fundamental no entendimento deste Projeto e para que as mães brasileiras, ao adquirirem esse direito, passem a tê-lo inalienavelmente no momento em que tenha uma Lei Municipal. E, num momento de grande inspiração, o Ver. Dr. Goulart faz esse tipo de Projeto como uma conquista, como um progresso, como um avanço, mas principalmente como um conforto a essas que são responsáveis pela manutenção da espécie humana. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, discuto o Projeto do Ver. Cassiá Carpes, que torna obrigatório, nos estabelecimentos bancários, atendimento no andar térreo para os portadores de deficiências e pessoas idosas.

Quero dizer que este é um Projeto da maior importância. Tem um Projeto de minha autoria, Ver. Cassiá Carpes, ao qual já me referi, que deve entrar em Pauta em seguida, tornando obrigatórias as caixas coletoras nos bancos para acabar com aquela dificuldade que encontramos, principalmente os idosos, ao entrarem no banco, muitas vezes sofrem o vexame de ter que abrir suas sacolas para poder passar na porta eletrônica.

Outro dia eu já fiz referência aos dois Projetos, falando e registrando a minha insatisfação com relação ao Parecer da Procuradoria, pela forma não isonômica como tratou os dois Projetos. Mas hoje eu quero fazer uma reflexão a partir desse Projeto do Vereador, porque, normalmente, quando esta Casa legisla ou tenta legislar sobre bancos há toda uma discussão jurídica nesta Casa. Eu quero dizer que com relação ao serviço bancário, nós devíamos até fazer um debate comparando o serviço bancário com o serviço do comércio, porque ambos são serviços. Só que os arautos da abertura do comércio aos finais de semana, domingo, não fazem, estranhamente, o mesmo raciocínio em relação aos bancos. Há todo um melindre, muitas vezes, para legislar e colocar algumas leis, algumas cogências para que os bancos sejam obrigados a dar melhores condições aos usuários. Vejam os senhores que os bancos inclusive já tiveram um horário mais favorável para atender a população. Hoje a população está totalmente dependendo daquele horário exíguo de atendimento, das 9h às 16h, nos bancos. E se nós compararmos o serviço bancário com o serviço do comércio, hoje, o grau de dependência da população em relação ao serviço bancário é muito maior, porque a população não tem escolha, não é como no comércio que eu posso escolher quando eu vou comprar, se eu não quiser comprar hoje eu posso comprar amanhã, no caso dos bancos há prazos, inclusive para pagar contas. Há prazos, um horário extremamente exíguo, um setor em que já não existem pequenos bancos, portanto nós dependemos de uma rede pública, alguns grandes grupos privados e nada mais. Não há a alternativa do estabelecimento da esquina, no caso dos bancos. E o horário é extremamente exíguo. Então, quando nós confrontamos essas duas questões é que nós vemos as falácias dos argumentos dos arautos da defesa da abertura do comércio, porque os dois grandes argumentos da abertura do comércio aos domingos são de que vai gerar emprego - está provado que não gerou - e o outro é de que vai beneficiar a população, mas aí quando nós lembramos dos bancos, que têm um horário exíguo... Por que dos bancos ninguém fala nada? Hoje a população é muito mais prejudicada pelo horário bancário. Os bancos, inclusive, têm um grande faturamento - seguramente é o setor da economia que mais lucros tem - e é o setor que oferece as piores condições para os usuários e também para os trabalhadores; mas, principalmente, para os usuários do serviço, que têm de enfrentar filas e humilhações, muitas vezes.

Um dos objetivos do Projeto de V. Ex.ª é de minorar os efeitos do mau atendimento que esses prestadores de serviço oferecem à população, que não tem outra saída. Porque hoje, diferentemente do comércio, a população está cada vez mais dependente dos bancos, desse serviço que atende muito mal e cujo grau de monopolização é muito maior. É por isso que quando reflito sobre a questão dos bancos, logo fico pensando que isso poderá acontecer também com o comércio. No dia em que as grandes redes de supermercados e de comércio dominarem totalmente os pequenos, poderão fazer como os bancos e estabelecer o horário que bem entenderem, porque aí estarão de donos do mercado.

Então, é muito importante que esta Casa não apenas legisle para criar melhores condições de atendimento à população nos bancos, mas que façamos também o debate comparando esse serviço com o serviço do comércio. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elias Vidal está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, Ver. Valdir Caetano, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, retorno a esta tribuna e quero aproveitar este tempo nobre para discutir, salientar e parabenizar o Ver. Cassiá Carpes, nosso Líder da Bancada do PTB, pelo PLL n.º 120/03, que torna obrigatória a instalação de caixas para uso privativo de deficientes, idosos e gestantes no andar térreo dos estabelecimentos bancários que tenham atendimento de caixas exclusivamente em andares superiores, exceto os que possuem elevadores.

Eu quero, em primeiro lugar, parabenizar o Vereador Cassiá Carpes por essa iniciativa, porque eu acredito que um Vereador, Ver. Dr. Goulart, é alguém que tem que estar sempre atento às múltiplas necessidades da sociedade, e V. Ex.ª, como médico, é um homem social, é um homem que tem muita sensibilidade. Eu quero dizer que há muitos Vereadores aqui extremamente preocupados e sensíveis à dor, ao sofrimento e à exclusão de muitos cidadãos de Porto Alegre - como também o Ver. Dr. Cláudio Sebenelo, que é outro grande médico, que possui uma sensibilidade muito grande, que é um homem que procura amenizar a dor, o sofrimento, as lágrimas de muitas pessoas - por serem médicos, que é uma profissão divina.

O Ver. Cassiá Carpes, com muita sensibilidade, embora sendo um homem do esporte, trouxe um Projeto de Lei que já deveria, na concepção deste Vereador, há muito tempo, ter sido apresentado, porque a gente percebe que pessoas portadoras de deficiências especiais, paraplégicos, tetraplégicos e outras deficiências mais têm suas dificuldades múltiplas, especialmente no que se refere à questão de bancos.

Aproveito a ocasião para parabenizar o Ver. Juarez Pinheiro, que trouxe essa Lei que estipula o tempo máximo de meia hora em filas bancárias, porque se percebe que, em muitos bancos, as pessoas ficam, muitas vezes, muito mais do que meia hora, uma hora, dependendo do dia e do horário; e, se for véspera de feriado ou após o feriado, as pessoas sofrem muito com isso. Muitas vezes, estão na fila doentes, senhoras gestantes, pessoas com varizes nas pernas, pessoas com múltiplas patologias, e os Vereadores têm que ter essa sensibilidade, como teve também, neste caso, o Ver. Juarez Pinheiro.

Agora, o Ver. Cassiá Carpes amplia ainda mais os benefícios, amenizando a dor e o sofrimento de muitas pessoas com relação à exclusão, de não poderem chegar e fazer uma operação num caixa eletrônico. Então, Ver. Cassiá Carpes, V. Ex.ª está de parabéns, e acredito que muitos Vereadores aqui, ou, quem sabe, todos vão apoiar esse Projeto de Lei, porque é um Projeto que dá condições para um portador de uma deficiência física poder operar, assim como ocorre num orelhão, muitas vezes, numa altura para que um deficiente possa ali fazer a sua ligação telefônica, e também poder entrar num banco e ter o direito de fazer a sua operação bancária, porque é uma pessoa como todos nós, para que possa poder exercer a sua cidadania, por meio de uma operação. Assim ele contempla, ainda mais, o trabalho a gestantes e a pessoas de idade.

O Ver. Juarez Pinheiro trouxe aqui um Projeto de Lei que traz para Porto Alegre o torneio internacional “Porto Alegre Open de Tênis”. Isso tem a ver com o atletismo, com o esporte, o esporte é vida, é um bom programa antidrogas, ocupando o tempo da juventude. Ver. Juarez Pinheiro, V. Ex.ª está de parabéns. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ver. Sebastião Melo e Plenário. O Ver. Sebastião Melo fez uma consulta à Presidência que respondeu, mas, insatisfeito, pediu que fosse ouvida a Procuradoria. A consulta trata sobre a permuta entre um imóvel próprio Municipal e quatro imóveis de propriedade de Maiojama Participações Ltda. A Procuradoria responde: “Vem a esta Procuradoria, para manifestação, de ordem do Sr. Presidente deste Legislativo, questionamento do Ver. Sebastião Melo, nos seguintes termos:

‘Nos autos da permuta proposta pelo Executivo com empresa privada do Município de Porto Alegre, consta que dois dos terrenos de propriedade da Empresa foram declarados de utilidade pública pelo Sr. Prefeito Municipal, pergunta-se, havendo decretos de Declaração de Utilidade Pública para fins de desapropriação, essas áreas podem ser permutadas?’

De início cabe dizer que o processo de desapropriação divide-se em duas fases: a fase declaratória, que se consubstancia na declaração de utilidade pública, e a fase executória, que corresponde às providências para efetivação da manifestação de vontade contida na declaração de utilidade pública.

A declaração de utilidade pública é o ato através do qual o Poder Público manifesta sua intenção de adquirir compulsoriamente um determinado bem particular. Esta declaração tem validade de cinco anos, sendo que após este prazo ocorre sua caducidade.

No caso em tela, o Poder Executivo Municipal realizou apenas a primeira fase procedimento expropriatório, que não tem o condão de transferir a propriedade do futuro expropriado ao Município, assim o proprietário do bem pode usar, gozar e dispor do imóvel.

Pelo exposto, verifica-se que a declaração de utilidade pública não tem o poder de impedir a permuta em tela.

É o Parecer, s.m.j. Em 12.06.03.”

E poderia ainda a Procuradoria acrescentar que poderia ser permutado por índices construtivos, que foi o que aconteceu na 3.ª Perimetral, em quase toda sua extensão.

O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, eu quero destacar na Pauta dois Projetos que tratam de uma temática transversal, que eu entendo de tamanha importância, que é a temática dos Direitos Humanos. Tanto o Projeto do Ver. Cassiá Carpes como o Projeto do Ver. Haroldo de Souza trazem ao debate direitos voltados aos idosos, voltados às pessoas portadoras de deficiências, e esta Casa deve destacar isso.

Em primeiro lugar, um dos Projetos trabalha uma visão de que nós temos de, nos espaços públicos, principalmente nos espaços que lidam com atendimento, como é a proposição no sistema bancário, nos bancos, facilitar, ao máximo, o acesso ao portador de deficiência, da pessoa idosa, para que possam ter suas atividades complementadas, suas atividades atendidas. Acho interessante este Projeto e temos de ver como ele se ajusta, Vereador, à questão da legislação de acessibilidade; é importante uma iniciativa como essa.

O outro Projeto trata da garantia do direito ao idoso da isenção de ingressos nas partidas de futebol. Também vejo isso com tamanha importância, porque se amplia o direito do idoso ao acesso a uma atividade de lazer, a uma atividade esportiva.

Vejo que são dois Projetos importantes, que a Casa tem de destacar, porque trazem, como já havia dito, a temática dos direitos dos cidadãos, dos direitos dos idosos, dos direitos das pessoas portadoras de deficiência. Portanto, destaco esses dois Projetos na nossa Pauta no dia de hoje. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Margarete Moraes está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, neste momento de discussão de Pauta, eu queria fazer uma referência ao Projeto de Lei Complementar de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que altera a Lei n.º 434, de 01 de dezembro de 1999, e alterações posteriores. Na verdade eu gostaria de cumprimentar e parabenizar o nosso companheiro Oliboni pela idéia de colocar no Plano Diretor a garantia da preservação dos espaços públicos para a prática do futebol, de outras modalidades de esportes e a prática do lazer, porque nós vivemos no Brasil, um País que tem como um dos símbolos mais importantes, mais significativos o carnaval e o futebol. Inclusive o futebol se destaca por seu alto grau, pelo seu alto nível de profissionalismo, mas que, na verdade, vem tradicionalmente dos espaços públicos, do futebol de várzea. O esporte amador, tão disseminado em escolas, em esquinas, em praças, na verdade já é cultural no Brasil. Todos nós nos sentimos técnicos, palpitamos, queremos entender de táticas, de dinâmica do esporte, e não podemos perder, na nossa Cidade de Porto Alegre, esse espaço público tão importante, que é exatamente o espaço do incentivo ao esporte amador. Esses espaços, além do futebol, podem-se constituir para a prática de lazer, do encontro, da festa comunitária, um momento altamente civilizatório.

Eu acredito que o incentivo ao esporte faz parte das políticas sociais, faz parte da idéia e da política de garantir à nossa juventude um outro futuro, através dessas modalidades.

Também queria neste momento de Pauta fazer uma referência ao PLL n.º 120/03, do Ver. Cassiá Carpes, que torna obrigatória a instalação de caixas para uso privativo de deficientes, idosos e gestantes no andar térreo dos estabelecimentos bancários que tenham o atendimento de caixas exclusivamente em andares superiores, exceto os que possuam elevadores. Vereador Cassiá, também gostaria de parabenizá-lo por essa preocupação e por sua sensibilidade, principalmente, com as pessoas portadoras de deficiência. Obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Encerrado o período de Pauta.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

Consulto as Lideranças sobre se houve algum acerto quanto à Ordem do Dia.

Suspendo os trabalhos para que as Lideranças acertem a ordem dos Projetos a serem votados na Ordem do Dia.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 17h35min.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib – às 17h37min): Estão reabertos os trabalhos.

Há vinte e nove Vereadores no plenário. Solicito seja fornecida a relação escolhida.

 

A SRA. MARIA CELESTE (Requerimento): Sr. Presidente, de acordo com a combinação entre as Lideranças, requeremos a seguinte ordem de apreciação dos Projetos na Ordem do Dia: PLE n.º 078/02, PLCE n.º 004/03, PLL n.º 133/01, PLL n.º 072/02, PLL n.º 138/02, PLL n.º 199/02, PR n.º 032/03, PR n.º 033/03 e PR n.º 035/03.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, há uma tradição nesses últimos dois meses de que a pauta seja consensualizada entre as Lideranças, mas a Liderança do PMDB não foi consultada sobre essa pauta e não concorda com ela. Portanto, vamos encaminhar a matéria.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu não estou colocando em votação. Tem havido consenso.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, acho que, se o Vereador quiser encaminhar, poderá encaminhar. Evidentemente, não houve todo o consenso da oposição, mas, majoritariamente, as Lideranças concordaram que essa fosse a ordem.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Vereador Sebastião Melo insiste? (Pausa.)

Em votação o Requerimento, de autoria da Ver.ª Maria Celeste, que solicita a alteração na ordem de apreciação dos Projetos na Ordem do Dia. O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para encaminhar o Requerimento de autoria da Ver.ª Maria Celeste.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, eu tenho sido defensor ardoroso no sentido de que possamos construir uma pauta de forma coletiva. Eu quero dizer que nós, Ver. Wilton Araújo, estávamos construindo isso nos últimos dois, três meses; no entanto eu não fui consultado sobre essa Pauta em momento nenhum. Eu poderia até concordar com ela. Não é pelo fato de eu votar contra ou a favor de um Projeto, isso é questão de mérito. Eu estou falando de encaminhamento.

Eu quero protestar contra esse procedimento. Isso não constrói uma boa relação entre as nossas Bancadas, essa é a primeira questão. Agora, eu quero fazer um apelo ao Presidente desta Casa. Há um Projeto, o primeiro Projeto a ser votado, que trata de uma permuta de área. Este Vereador fez um Pedido de Informação, e um segundo Pedido, que não foi respondido. Depois que veio o Pedido de Informação, eu fiz um questionamento que não foi respondido também. Encontra-se acostado aos autos, e eu não vi votar nesta Casa. Eu não vi esta Casa votar quando há um expediente aberto no Ministério Público. E há nos autos, na Defensoria de Patrimônio, um expediente que foi aberto pela Associação dos Moradores do Bairro Rio Branco. Então eu queria fazer um apelo a esta Casa. Eu não vou entrar no mérito aqui, Ver. Wilton Araújo; o mérito eu vou deixar para discutir se for vencida essa matéria. E eu não sei qual vai ser a posição, Ver. Juarez Pinheiro. O Ministério Público pode, depois de ouvir a Prefeitura, de ouvir a manifestação da sociedade, dizer: “Olha, o que vocês trouxeram aqui não tem nenhuma fundamentação. Agora, eu acho que seria de equilíbrio nós não votarmos esta matéria hoje. Este é o apelo que estou fazendo, mas vou respeitar aquilo que a democracia conduz, que é o voto da maioria desta Casa. Então, eu não vou adentrar em mérito neste momento, mas eu acho que, se há uma manifestação de parte da sociedade pedindo uma averiguação sobre a questão da transação de imóveis, e se isto ainda não foi concluído pelo órgão ministerial, esta Casa não deveria votar esse Projeto agora. Este é o meu questionamento, mas, volto a dizer, nós vamos nos submeter àquilo que o Plenário desta Casa entender. Agora, eu gostaria de deixar este alerta, porque não vejo precedente nesta Casa de que, quando se teve qualquer expediente no Ministério Público, esta Casa tivesse votado. Então, isso eu queria deixar neste encaminhamento, mas fundamentalmente, Sr. Presidente, quero dizer que eu não gostei do procedimento, porque nós estávamos consensualizando todas as Sessões de forma democrática, e eu não botei nenhum Projeto meu para votar em nenhum momento neste ano. E nunca deixei de dar acordo, mas eu achei que este encaminhamento vai me colocar numa posição um pouco diferenciada a partir de agora, para estas negociações de Plenário. Vamos negociar pontualmente caso a caso, porque infelizmente vi que as coisas não estão sendo conduzidas como foi estipulado. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Mesa deseja informar que todo o expediente que foi encaminhado à Casa e recebido pela Presidência, está anexado ao Processo. Nada, absolutamente nada, determina ou induz que o Projeto não seja votado. Por essa razão o Projeto voltou para a Ordem do Dia com todos os questionamentos formulados e com respostas dirigidas ao Pedido de Informação do Ver. Sebastião Melo. Tudo o que chegou às mãos da Presidência está no Processo.

Em votação o Requerimento de autoria da Ver.ª Maria Celeste. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com os votos contrários do Ver. Sebastião Melo e do Ver. Haroldo de Souza.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3653/02 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 078/02, que autoriza a permuta entre um imóvel próprio municipal e quatro imóveis de propriedade de Maiojama Participações Ltda. Urgência.

 

Parecer Conjunto:

- da CCJ, CEFOR e CUTHAB. Relator-Geral Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - art. 82, § 1.º, VIII, da LOM;

- incluído na Ordem do Dia em 31-03-03; retirado em 25-04-03 e reincluído, com resposta a pedido de informação, em 02-06-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O PLE n.º 078/02 esteve em Regime de Urgência, foi retirado, volta agora já com Parecer conjunto das Comissões. Para aprovação, precisamos do voto da maioria dos Vereadores.

Em discussão o PLE n.º 078/02. (Pausa.) O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, já na Exposição de Motivos deste Projeto, o Prefeito pede que esta Casa o olhe com zelo, como é de praxe o Prefeito pedir. Analisamos este Projeto de permuta, e quero deixar algumas interrogações para reflexão: primeiro é que esse terreno que está sendo permutado, que é da Prefeitura, é um terreno muito nobre na cidade de Porto Alegre, é aqui na Borges de Medeiros com Av. Ipiranga. A primeira questão é: por que um terreno que, com certeza, haveria algumas dezenas de empreendedores desta Cidade interessados em comprar, é permutado com uma empresa? Este é o primeiro questionamento e a primeira interrogação que eu quero fazer, porque a boa técnica administrativa, Ver. Pedro Américo Leal, me diz que, se eu tenho um bem público, eu devo ofertá-lo a tantos quantos queiram comprá-lo. Esta é uma interrogação que eu quero deixar em primeiríssimo lugar.

Segundo, Sr. Presidente, há duas avaliações em dois momentos desse terreno. Nessas avaliações, num determinado valor, se coloca um preço, e depois diminui-se esse valor. Como V. Ex.ª, que foi Prefeito desta Cidade, conhece muito bem, não há uma lei específica federal, estadual ou municipal que estabeleça criteriosamente como tem de ser uma avaliação, mas a ABNT mostra o caminho. O que é que o Governo de V. Ex.ª, Ver. Juarez Pinheiro, aqui no Município de Porto Alegre, faz com as avaliações? Quando eu vou vender um terreno, eu não pego nem o limite superior para avaliação e nem o limite inferior; eu pego a média do terreno. Isso é o que acontece, Ver. Wilton Araújo, em todas as transações aqui. O que acontece neste caso? Neste caso pontual, quando a Prefeitura vai comprar os imóveis, vai receber a permuta da empresa privada, ela analisa pela média, Ver. Haroldo de Souza. E quando vai permutar com o empreendedor privado, ela faz pelo limite inferior, qual seja, com um valor que, evidentemente, se torna uma avaliação menor. Então, essas são as nossas discordâncias.

O que nós fizemos de forma responsável? Eu não me manifestei, em nenhum momento, publicamente, sobre essa matéria. Eu falei nos autos, eu peticionei, e a engenheira ou a arquiteta que respondeu o meu Pedido de Informações, com várias páginas, falou, falou, falou, mas não explicou. Eu disse: “Olha, é importante que a gente consulte um órgão especializado.” Isso está nos autos, e esse foi um questionamento que eu fiz. Já que a Prefeitura aponta numa direção, e nós estamos achando que a Prefeitura fez uma avaliação pelo limite inferior, eu entendi que deveria ouvir um terceiro, que não fosse o interessado no feito. Eu não queria que alguém que fosse ligado à Câmara de Vereadores se manifestasse sobre isso. Eu não queria alguém que fosse ligado ao Executivo, porque já há a opinião deles, mas eu queria que um terceiro se manifestasse sobre isso, porque eu gostaria até de votar favoravelmente a esse Projeto. Presidente, depois de esclarecido, e se um terceiro dissesse que o valor de avaliação desse terreno está absolutamente correto, Ver. Elói Guimarães, quero dizer que eu votaria favoravelmente, mas queria ouvir um terceiro, ou seja, alguém que dissesse: “Olha, essa avaliação está absolutamente correta.” Portanto, como essa matéria foi colocada para votação sem os devidos esclarecimentos, este Vereador ainda se sente insatisfeito. Por quê? Porque é um fato real: a avaliação foi feita pelo limite inferior do terreno que a Prefeitura vende para o empreendedor privado, e não foi usado o mesmo critério para comprar o terreno dos que entram na Prefeitura, e isso, na nossa avaliação, não está correto. Portanto, são questionamentos que temos, e, por essas interrogações, eu não tenho condições de votar favoravelmente a esse Projeto. Gostaria de votar, se tivéssemos levado mais uma semana, mais duas semanas, mais um mês... Se o meu pedido tivesse sido respondido, nós poderíamos fazer. Essa é a nossa manifestação, no sentido de que achamos que, efetivamente, a Prefeitura não esclareceu aquilo que deveria esclarecer nesse debate pontual sobre esse Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação o PLE n.º 078/02. (Pausa.) O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, senhoras e senhores, se não fosse a consideração que tenho pelo Ver. Sebastião Melo, eu não viria aqui encaminhar. Eu vim encaminhar por causa das dúvidas levantadas pelo Ver. Sebastião Melo, que, num determinado momento deste processo, também se constituíram em minhas dúvidas. Eu acredito que consegui esclarecer, pelo menos dentro daquilo que eu acredito que seja razoável e que já me capacita a votar. Uma das dúvidas também, que eu tinha, era o problema das avaliações. Um dos terrenos que foi repassado por uma empresa por um determinado valor e depois repassado por outro valor, realmente me colocava em dúvida sobre as transações e até sobre possível prejuízo que o Município poderia ter com relação à tributação. Mas é claro que não estava correto quando fiz a minha primeira análise. Ver. Pedro Américo Leal, as empresas trabalham entre si com valores contábeis por diversas razões, só que, quando tratamos do Imposto de Transmissão, esses valores não servem para se avaliar quanto de imposto será pago no Imposto de Transmissão. Quem vai fazer essa avaliação com relação ao que vale o imóvel, para, em cima, incidir o percentual que vai ser cobrado naquele Imposto de Transmissão são os técnicos da Prefeitura Municipal, independente da quantia que está estampada, de acordo com os valores contábeis, dentro da transação que foi realizada. Como vi que, dentro do processo, os valores para o Imposto de Transmissão são corretos, percebi que realmente aquela dúvida inicial que foi trazida aqui, realmente, tínhamos que esclarecer. Aquela dúvida inicial, pelo menos para mim, caiu por terra, porque a minha preocupação – e acho que deve ser a de todos os Vereadores – é não permitir que o Município, que cuida dos interesses de toda a sociedade, tenha prejuízo. Não podemos, de forma alguma, consentir que, nas transações que são feitas, o imposto que vai ser pago possa ser pago a menor, ainda mais por empresas que têm a capacidade de pagar o valor real do imposto. Acho que isso era o que atrapalhava um pouco a votação que vamos fazer aqui a respeito deste Projeto. Aliás, era uma das dúvidas que levantei no início e que não quis votar a urgência. Quando foi votada a urgência, eu fiquei fora da votação - muito embora estivesse aqui não plenário -, porque eu queria tempo para poder fazer a verificação necessária do que acontecia dentro do processo.

Eu estou esclarecido e vou votar favoravelmente e este Projeto, porque não vejo, realmente, prejuízo do Município e, portanto, não vejo prejuízo da sociedade.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação nominal o PLE n.º 078/02, solicitada pelo Ver. Sebastião Melo. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO por 26 votos SIM, 03 ABSTENÇÕES.       

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2189/03 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N.º 004/03,  que altera o inciso IV do art. 87 da Lei Complementar n.º 478, de 26 de setembro de 2002, que dispõe sobre o Departamento Municipal de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Porto Alegre, disciplina o Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores do Município de Porto Alegre, e dá outras providências.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - art. 82,

§ 1.º, I, da LOM;

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM, em 11-06-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLCE n.º 004/03. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2158/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 133/01, de autoria do Ver. Raul Carrion, que denomina Rua Flávio de Oliveira Ramos um logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Farrapos. Com Emenda n.º 01.                                             

Pareceres:

- da CCJ.  Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto e da Emenda n.º 01;

- da CUTHAB. Relator Ver. Valdir Caetano: pela aprovação do Projeto e da Emenda n.º 01;

- da CECE. Relator Ver. Elias Vidal: pela aprovação do Projeto e da Emenda n.º 01.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 11-06-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLL n.º 133/01. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Em votação a Emenda n.º 01 ao PLL n.º 133/01. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1348/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 072/02, de autoria do Ver. Nereu D’Avila, que denomina Rua Ver. Dilamar Machado um logradouro cadastrado, localizado no Bairro Cidade Baixa. Com Emenda n.º 01.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação do Projeto e da Emenda n.º 01;

- da CUTHAB. Relator Ver. Valdir Caetano: pela aprovação do Projeto e da Emenda n.º 01;

- da CECE. Relator Ver. Pedro Américo Leal: pela aprovação do Projeto e da Emenda n.º 01.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 11-06-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLL n.º 072/02. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Em votação a Emenda n.º 01 ao PLL n.º 072/02. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2330/02 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 138/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Domingos José Poli um logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Restinga.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Valdir Caetano: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 04-06-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLL n.º 138/02. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3183/02 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 199/02, de autoria do Ver. João Antonio Dib, que denomina Rua Moacyr Godoy Ilha um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Glória.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Estilac Xavier: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relatora Ver.ª Maristela Maffei: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 04-06-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O PLL de n.º 199/02 é de minha autoria, por isso, eu peço que a nossa 1.ª Secretária assuma a presidência dos trabalhos.

 

(A Ver.ª Maria Celeste assume a presidência dos trabalhos.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Em discussão o PLL n.º 199/02. (Pausa.) Não há quem queria discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

(O Ver. João Antonio Dib reassume a presidência dos trabalhos.)

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1491/03 – PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 032/03, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que concede o prêmio artístico “Lupicínio Rodrigues” ao músico Carlos Farias Medina.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relatora Ver.ª Margarete Moraes: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 04-06-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PR n.º 032/03. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1554/03 – PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 033/03, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que concede o Prêmio Gildo de Freitas ao Senhor João Alberto Freire Maciel.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 04-06-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PR n.º 033/03. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1595/03 – PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 035/03, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que concede o título honorífico de Esportista Exemplar ao Senhor José Íon Lemos de Brito.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relatora Ver.ª Margarete Moraes: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relator Ver. Haroldo de Souza: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 04-06-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PR n.º 035/03. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3421/02 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 220/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que altera a denominação Rua Dona Cecília para Rua Dr. Fernando Kroeff no trecho entre a Rua José de Alencar e o Largo dos Campeões, no Bairro Azenha. Com Emenda n.º 01.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relatora Ver.ª Maristela Maffei: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relatora Ver.ª Clênia Maranhão: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- para alteração, voto favorável de dois terços dos membros da CMPA – art. 82, § 2.º, IV, da LOM;

- incluído na Ordem do Dia em 04-06-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLL n.º 220/02. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação nominal. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO por 24 votos SIM, 01 ABSTENÇÃO.

Em votação a Emenda n.º 01 ao PLL n.º 220/02. A Diretoria Legislativa sugere que a votação seja nominal.

Em votação nominal a Emenda n.º 01 ao PLL n.º 220/02. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADA por 24 votos SIM.

Não havendo quórum, encerro os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às18h07min.)

 

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